Demissões e ameaça de privatização marcam 2001

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Os bancos públicos sofreram várias tentativas de precarização do trabalho e de privatização em 2001. Em abril, o então presidente da Caixa, Emílio Carazzai, tentou dividir o banco em dois: a “Caixa velha”, onde continuariam trabalhando os funcionários antigos; e a “Caixa nova”, que seria preparada para a privatização.

Para os funcionários do Bradesco, 2001 foi um ano de demissões em massa. Em três meses, cerca de três mil bancários foram demitidos. A direção do banco culpou os gerentes pelas demissões, “sem orientação superior”. Já os bancários acreditavam que o objetivo da direção era de trocar funcionários antigos por novos, com salários menores e sem anuênio.

Julho foi um mês intenso de lutas contra a privatização bancária. Para os bancários, a reestruturação dos bancos públicos proposta pelo Governo FHC tinha como objetivo tornar essas instituições atraentes aos banqueiros. Os créditos de baixa remuneração ou de difícil recuperação seriam transferidos para uma empresa não-financeira a ser criada, a Emgea (Empresa de Gestão e Ativos), assumida pelo governo.

A Campanha Salarial 2001 foi marcada por um intenso movimento grevista. As negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não avançaram, e os bancários ocuparam as ruas do Centro de Fortaleza, seguindo o exemplo nacional. Em setembro, a proposta da Fenaban foi de 4% de reajuste salarial sobre os salários de agosto, mais abono de R$ 750,00. Os bancários lutavam por reajuste de 21,12%.

Em novembro, a Assembléia dos bancos privados acatou a proposta de fechamento de acordo com a Fenaban. Entre outros benefícios, houve um reajuste de 5,5%. Os bancários avaliaram 2001 como o ano de retomada das mobilizações da categoria. Por meio das paralisações nos bancos, foi possível fechar acordos satisfatórios para os bancários.