Demissões em massa às vésperas do Natal

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Nas proximidades do Natal, o Santander deflagrou na segunda-feira, 3/12, uma onda de demissões em todo País. Em Fortaleza, somente em um dia, foram demitidos seis bancários, chegando ao total de dez demissões durante toda a semana. Essa foi a surpresa escolhida pelo banco para presentear os funcionários depois de lucrar R$ 5,694 bilhões de janeiro a setembro deste ano (25% do resultado mundial do banco espanhol).


É bom lembrar que de janeiro até novembro de 2012, o Santander Brasil demitiu, sem justa causa, 23 funcionários, de acordo com levantamento feito pelo Sindicato baseado nas homologações do Departamento Jurídico da entidade. A situação fica ainda mais alarmante diante do número insuficiente de funcionários nas unidades bancárias, que refletem negativamente nas condições de trabalho e na qualidade do atendimento. Por isso entre as principais reivindicações do movimento sindical está a realização de novas contratações e o fim da rotatividade a fim de gerar mais empregos e garantir melhor atendimento à população.


Na última sexta-feira, 7/12, o Sindicato dos Bancários retardou em duas horas o atendimento da agência Aldeota 3193, um dos principais corredores bancários de Fortaleza. Lá foram demitidos dois bancários, um deles – o gerente – em pleno expediente de trabalho deixando todos os funcionários abalados.


“Os bancários demitidos têm um perfil: mais de 20 anos de banco, próximos à aposentadoria e até portadores de doenças ocupacionais. Isso é um verdadeiro absurdo. Não é admissível que os trabalhadores do Santander ajudem a produzir um lucro tão exorbitante e de repente o banco, na hora que bem entende, demite sem qualquer justificativa”, analisa Eugênio Silva, diretor do Sindicato e funcionário do Santander.


Ele citou ainda a liminar conseguida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, que entrou com ação junto ao TRT da região, onde a desembargadora mandou suspender as demissões no estado entendendo que nenhuma empresa no Brasil deve demitir uma leva tão grande de funcionários sem qualquer justificativa, principalmente quando essa mesma empresa não apresenta nenhum prejuízo financeiro. “Estamos estudando entrar com uma ação similar a de São Paulo aqui no Ceará, com o objetivo de barrar as demissões em nosso Estado também”, informa Eugênio Silva.


No Brasil – Segundo a Contraf-CUT, os dados de outros estados, por onde a onda de dispensas também se alastrou, são preocupantes: 40 demissões em São Paulo, 30 em Pernambuco, 23 na Bahia, 14 em Alagoas e 10 na Paraíba. Na sua maioria, os desligados foram gerentes, com mais de 10 anos de banco e salários mais elevados. Houve também dispensas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, dentre outros estados, além de Brasília. De acordo com dados repassados ao movimento sindical, o número de demitidos chega a quase dois mil bancários.


“Ao invés de demitir, o banco deveria fazer mais contratações, como foi reivindicado pelas entidades sindicais na última negociação com o banco, no dia 22 de novembro, durante o Comitê de Relações Trabalhistas. Queremos melhores condições de trabalho, frear o adoecimento de trabalhadores e agilizar o atendimento aos clientes e usuários”, ressalta o diretor Eugênio Silva.


Numa atitude desumana, ao demitir trabalhadores faltando menos de um mês para o Natal, o Santander revela que não respeita o Brasil e os brasileiros. “Exigimos a suspensão imediata das demissões, a manutenção dos empregos e a geração de novos postos de trabalho, como forma de responsabilidade social e contrapartida para o desenvolvimento do País”, cobra o diretor do Sindicato e também funcionário do Santander, Clécio Morse.


“Isso é um absurdo, pois os trabalhadores brasileiros são os principais responsáveis pela maior fatia do resultado global da empresa (26%). O banco não demite na Espanha onde há crise, nem em outros países da América Latina. Não aceitamos que dispensem os funcionários daqui”, afirma o presidente do Sindicato, Carlos Eduardo Bezerra.


Em carta enviada na quarta-feira, 5/12, ao presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, a Contraf-CUT critica a atitude cruel e desrespeitosa do banco, denunciando que as demissões atingiram principalmente funcionários com mais de 10 anos de casa, perto da aposentaria e até pessoas com deficiência. No documento, a entidade ainda solicita uma reunião para discutir a suspensão imediata das dispensas e a manutenção dos empregos dos trabalhadores, destacando que não há justificativa para as demissões. Até o fechamento desta edição da TB, o banco ainda não havia dado qualquer retorno sobre uma negociação.


Estatística – No levantamento feito pelo Sindicato sobre as demissões em 2012 no Ceará, estão incluídas 20 instituições financeiras. No total, de janeiro a novembro deste ano, foram dispensados sem justa causa 242 trabalhadores. O campeão da estatística é o Itaú, com 54 demissões no período citado. Em segundo lugar, o Bradesco (46), em seguida está a BV Financeira (45) e depois o Santander (23).