A Polícia Federal investiga suposto esquema de caixa 2 eleitoral, comandado a partir da estatal Furnas Centrais Elétricas, que teria distribuído, em 2002, cerca de R$ 40 milhões a 156 políticos da base do então presidente Fernando Henrique Cardoso, especialmente do PSDB e do PFL. As contribuições teriam partido de 88 empresas, clientes e fornecedores de Furnas. A informação provocou uma onda de negativas e gerou um ambiente de tensão no Congresso.
Cópias do documento foram distribuídas no Congresso no final da tarde do dia 1º/2, informando de repasses aos então candidatos José Serra (à Presidência, R$ 7 milhões), Geraldo Alckmin (governo de São Paulo, R$ 9,3 milhões) e Aécio Neves (governo de Minas, R$ 5,5 milhões).
O documento em que se baseia a investigação tem a assinatura do ex-diretor de Furnas, Dimas Fabiano Toledo, com firma reconhecida no Cartório do Primeiro Ofício de Notas do Rio. A autenticidade da assinatura e do registro, com data de 22/09/2005 teriam sido atestadas em perícia preliminar. Dimas Toledo será convocado pela PF para confirmar o conteúdo da lista. Dimas foi mantido na direção de Furnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e exonerado, em agosto do ano passado.
“Recebi os 75 mil em meu escritório, das mãos do Dimas Toledo”, repetiu o ex-deputado federal Roberto Jefferson, depois de prestar novo depoimento à PF. “O Dimas estava lá em Furnas colocado pelo PSDB e não ajudava o PT naquela ocasião”, acrescentou.
O documento menciona doações de R$ 2,4 milhões a quatro senadores eleitos e dois derrotados, um total de R$ 14,4 milhões a 147 deputados estaduais e federais de 12 partidos (PSDB, PFL, PMDB, PL, PTB, PP, PPS, PSB, PDT, Prona, PRTB e PSC), além de doações a prefeitos que teriam sido cabos eleitorais em Minas. Os políticos que teriam sido beneficiados são de São Paulo, Minas, Rio, Bahia, Pernambuco, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina e Maranhão.