Desafios da CUT para o segundo semestre de 2012

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A julgar pelas nuvens que se acumulam nos céus do hemisfério norte, precisaremos ser firmes e assertivos para manter o Brasil na rota do crescimento econômico. Neste cenário, cabe à CUT liderar os processos de mobilização e negociação para garantir a justa distribuição da riqueza que está sendo produzida, fruto deste mesmo crescimento econômico, invertendo a lógica de que os esforços devem se concentrar na criação de mecanismos que garantam ao capital a manutenção das suas margens de lucro e acumulação, ampliando a concentração global da renda. Estes mecanismos são sempre os mesmos: a flexibilização dos direitos trabalhistas e o corte de investimentos nas políticas públicas.


Estamos assistindo a um conjunto de greves no serviço público que denuncia a falta de projeto de desenvolvimento para o País. Será possível para o Brasil se tornar um País desenvolvido sem um investimento pesado em saúde e educação? A resposta é consenso, mas a forma como vem sendo conduzida a política econômica denuncia uma grande contradição no discurso do governo. Tragédia anunciada no início do ano pelos ministros Guido Mantega e Miriam Belchior com o corte de 55 bilhões no orçamento, todos nós já sabíamos qual seria o final da história. As greves no serviço público estão expondo a estratégia do governo que jogam o prejuízo para a classe trabalhadora, agravada por uma política opressiva que não favorece os espaços de negociação.


Por sua vez, o empresariado recebe tratamento diferente do governo. O setor automotivo, com a política de redução do IPI, vai de vento em popa e nunca se vendeu tanto carro no país. O mês de junho registrou um aumento de 24% em comparação com maio, sendo considerado o segundo melhor mês da história pela Anfavea. A justificativa usada para as medidas de desoneração fiscal adotadas pelo governo é que se trata de concessão transitória, visando ampliar o número de postos de trabalho e manter a economia aquecida o que, a princípio, deveria compensar a renuncia fiscal e o desfalque de recursos para as políticas públicas com o aumento no nível de emprego.


Outro Conto da Carochinha é a política de redução das taxas de juros bancários iniciada pelo governo através do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Uma jogada de marketing admirável, que valoriza a imagem do sistema financeiro como um agente comprometido com o desenvolvimento no País.


Neste cenário, o segundo semestre de 2012 promete ser o palco de grandes disputas e do acirramento na relação capital x trabalho no Brasil.  Diante desta conjuntura, o que nos cabe? Fazer o que é a nossa especialidade, organizar e mobilizar a classe trabalhadora para negociar. Não existe capital sem trabalho, não existe geração de riqueza sem trabalho, por isso o fruto do trabalho deve ser justamente repartido, é isso que vamos dizer aos banqueiros e aos empresários do setor metalúrgico e da indústria de maneira geral. É na mesa de negociação que vamos disputar o que nos é de direito neste momento histórico particular.


Maria das Graças Costa – secretária nacional de Relações do Trabalho CUT