Descaso continua na atividade de penhor em Fortaleza

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No Brasil, as operações de Empréstimos sob Penhor são realizadas exclusivamente pela Caixa Econômica Federal desde 1934. Por se tratar do monopólio de uma atividade bastante rentável, é razoável que o banco trate o serviço com zelo e organização. Mas não é o que acontece, pelo menos no Ceará. O Sindicato denuncia há meses o descaso com que a Caixa trata os avaliadores no Estado. Más condições de trabalho, número insuficiente de avaliadores e distribuição desigual dos profissionais são as principais reclamações.


Em Fortaleza, três agências oferecem o serviço: Pessoa Anta, onde estão lotados nove avaliadores; Bezerra de Menezes, com seis profissionais; e Terra da Luz, com apenas um. A notória má distribuição dos profissionais precariza o atendimento à população nesta última unidade, localizada em região nobre da cidade e de grande demanda.


A situação na Terra da Luz se torna ainda mais crítica quando o único profissional se ausenta eventualmente (nas horas de almoço, férias, atrasos ou licenças) e o serviço fica temporariamente suspenso – obrigando os clientes a procurarem outras unidades. O Sindicato denunciou diversas vezes o caso, inclusive, quando um avaliador substituto foi enviado à agência durante a ausência do titular, mas não teve a senha liberada para fazer a avaliação de jóias. O serviço foi prejudicado durante uma semana.


O Sindicato ainda entrou em contato com a gerência, que afirmou desconhecer a situação e se comprometeu a resolver qualquer transtorno.  De fato, o avaliador da agência entrou de férias no mês de novembro e seu substituto teve a senha liberada para prestar o serviço integralmente. Porém, a morosidade no atendimento persiste já que seria necessário, pelo menos, mais um profissional na unidade.


Ciente do problema, a gerência geral da Pessoa Anta se solidarizou e ofereceu um avaliador para que a agência Terra da Luz ficasse com dois profissionais fixos e, assim, atendesse os clientes com mais celeridade.  Porém, a gerente geral não aceita a oferta, mantendo a mau atendimento.


No Ceará, somente três agências possuem penhor. Todas estão localizadas na capital. Em termos comparativos, na Bahia são 21 agências com penhor. Pernambuco, que possui cenário econômico similar ao cearense, possui seis agências com o serviço. Paraíba, estado com situação econômica e populacional inferior a do Ceará, também opera seis agências de penhor. Entre os estados citados, somente o Ceará concentra na capital as agências prestadoras do serviço. Ou seja, além do número insuficiente de agências com penhor, o Ceará ainda sofre com a má distribuição delas.


O Sindicato e a Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcef) exigem que a situação do penhor no Ceará se iguale ao restante do País, onde 92% das agências que possuem o serviço operam com mais de três avaliadores. O Ceará precisa sair dos 8% dessa estatística para ter condições de prestar um atendimento mais digno à população. “É inadmissível a Caixa tratar uma atividade exclusiva com tanto desleixo aqui no Estado. Isso prejudica não só o atendimento como as próprias condições de trabalho do avaliador. Temos outros problemas com esse grupo de empregados, como desvio de função, guichês improvisados, equipamentos de proteção irregulares, ausência de formação e de instrumentos na avaliação de diamantes, ausência de compostos químicos ideais para a avaliação. Continuamos pressionando o banco por soluções urgentes”, afirma Áureo Júnior, diretor do Sindicato e presidente da Apcef.