Naquele dia, 3 mil trabalhadores Sem Terra ocuparam a rodovia PA-150 e estavam em caminhada em direção a Marabá para exigir a desapropriação da Fazenda Macaxeira, conhecido latifúndio improdutivo da região. A Secretaria Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) relembra: eles foram cercados por duas tropas de militares, que abriram fogo para cumprir a ordem do Governador do Pará na época, Almir Gabriel (PSDB), de desobstruir a pista a qualquer custo. Os policiais saíram dos quartéis de Parauapebas e Marabá sem identificação na farda e no armamento e avisaram os médicos e ambulâncias para ficarem de plantão!
A violência sem limites deixou oficialmente 19 trabalhadores mortos. Outros três morreram depois em conseqüência das seqüelas. Até hoje, não se tem certeza se o número corresponde à realidade. Três julgamentos do Massacre foram realizados. Nenhum dos 142 soldados envolvidos no caso foi punido. Os dois comandantes responsáveis pela operação, coronel Mário Colares Pantoja e major José Maria Pereira de Oliveira, apesar de condenados a 264 anos pelo júri popular, aguardam em liberdade o julgamento de recursos no Superior Tribunal de Justiça. O processo está parado até agora.
Mortos pela terra – Em 2005, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou um crescimento de 106% nas mortes em conseqüência dos conflitos agrários. Só no ano passado, 64 pessoas morreram. Em 2004, foram 31 ocorrências. Segundo o informe, a violência no campo tem diversas faces. Há a violência direta, já em 2006, o registro de assassinatos foi menor este ano. De janeiro a março de 2006 aconteceram três assassinatos. Já em 2005, no primeiro trimestre, ocorreram 13 mortes.