Dez maiores bancos já têm 85% dos ativos e concentração deve crescer

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A expectativa dos analistas de que o Banco do Brasil atinja R$ 1 trilhão em ativos totais este ano e a aproximação entre os indicadores de Bradesco e Itaú – segundo balanço a ser divulgado pelo BB na terça-feira (14/2) – o Itaú atingiu em dezembro de 2011 R$ 851,3 bilhões em ativos totais, enquanto o Bradesco ficou com R$ 761,5 bilhões – evidenciam o aumento da concentração no setor. Há dez anos, diz o especialista em setor bancário Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, os dez maiores bancos brasileiros detinham 65% dos ativos totais do setor. No ano passado, a parcela era de 85%.


O movimento de consolidação do setor bancário brasileiro, iniciado a partir da queda da inflação com o Plano Real em 1994, acelerou-se a partir da primeira década do século 21 com a entrada dos conglomerados estrangeiros, o acirramento das operações de fusões e aquisições entre bancos e a própria crise econômica em 2008 nos Estados Unidos e na Europa.


E não só na intermediação de recursos que os bancos se concentram. Segundo levantamento da CardMonitor, empresa de pesquisa do mercado de meios eletrônicos de pagamentos, os cinco maiores bancos emissores de cartões detinham 68% do mercado em 2005. No ano passado, a fatia subiu para 81%.


Ainda assim, Rodrigues afirma que este movimento de consolidação ainda está longe de ter se esgotado. Os pequenos e médios bancos brasileiros, que cresceram em número por conta da popularização do crédito consignado, ainda não se recuperaram completamente do encurtamento do crédito após a crise e das regras mais restritivas impostas pelo Banco Central.


A aproximação entre o Bradesco e o Itaú em termos de ativos totais é o resultado de uma estratégia agressiva de crescimento que o Bradesco adotou no dia seguinte ao anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco e que focou, segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ Luiz Fernando de Paula, no aumento de agências e funcionários – seguindo a tradição do banco de ter uma grande presença geográfica – e na captação, para sua base de clientes, de pessoas que pela primeira vez na vida passaram a ter uma conta bancária, pertencentes às classes C e D.

Bancos públicos – A estratégia mais agressiva dos bancos comerciais privados nos últimos anos também foi compartilhada pelos bancos públicos, especialmente o Banco do Brasil e a Caixa, que pelo menos desde meados da década, observam os economistas, vêm ampliando suas ações em atividades bancárias que vão bem além das suas tradições – o crédito agrícola e o financiamento às exportações, caso do Banco do Brasil, e o financiamento imobiliário e o crédito à microempresa, caso da Caixa.


Para ampliar seus ativos, os bancos estatais também investiram na onda de fusões e aquisições que só fizeram reforçar seus ativos.