Diretoria exalta lucro recorde, mas não explica operações duvidosas

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O lucro recorde do BNB no exercício de 2012 – superior a meio bilhão de reais – não pode servir de panaceia para esconder ou minimizar os problemas na gestão da Instituição que se arrastam há anos, sem perspectivas de solução. Ao analisar preliminarmente o balanço publicado pelo BNB no último dia 19/2, o Sindicato dos Bancários do Ceará alerta para os elevados montantes provisionados na conta “créditos de liquidação duvidosa”. O SEEB/CE entende que essa rubrica do balanço deveria trazer notas explicativas que tornassem mais transparentes a destinação desses créditos e os motivos porque chegaram a esse nível de classificação.


De acordo com informações que chegam ao Sindicato, boa parte da vultosa provisão destinada a créditos de liquidação duvidosa teria sua origem em operações realizadas com empresas do ramo frigorífico localizadas em Goiás e São Paulo. Essas empresas teriam sido capitalizadas pelo BNB quando já apresentavam sérias dificuldades financeiras, inclusive com pedido de recuperação judicial junto ao Banco Central.


Caso sejam confirmadas tais denúncias, a redução do lucro final do Banco em razão dessas operações traz consideráveis para o seu corpo funcional e a região Nordestina. O Pronaf e o microcrédito, para citar apenas os segmentos de operações que contemplam os mais necessitados de recursos, certamente poderiam apresentar resultados bem mais satisfatórios em benefício das camadas mais carentes, tivessem esses créditos nos cofres do Banco, alavancando as suas operações. De igual forma, a PLR e os benefícios previdenciários e de assistência à saúde tão reclamados pelos funcionários, assim como a resolução de Passivos Trabalhistas e a revisão do defasado Plano de Cargos e Remuneração (PCR), poderiam não ser mais problemas pendentes de solução.


Para o Sindicato dos Bancários do Ceará, o silêncio e a falta de iniciativa da diretoria do BNB em relação à averiguação de denúncias que vêm sendo apontadas desde a gestão Roberto Smith revela que, enquanto permanecerem na diretoria do BNB diretores remanescentes de gestões passadas (Smith/Jurandir) nada será apurado. A população carente nordestina e os funcionários continuarão pagando a conta dos desmandos e da irresponsabilidade na gestão dos recursos públicos colocados à disposição do BNB para desenvolver o Nordeste.