Doença cercada de estigmas e preconceitos

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Uma das doenças que mais mata homens no Brasil. É assim que é conhecido o câncer de próstata pelo universo médico do País. No entanto, a ignorância e os preconceitos acerca da enfermidade entre a população local ainda impedem que essa situação seja revertida. Por isso, anualmente, mais de 40 mil novos casos de câncer de próstata são registrados e cerca de 10 mil brasileiros morrem em decorrência da doença.


Em nível estadual, os números também assustam. Se no ano passado, segundo dados da Secretaria de Saúde, 525 cearenses faleceram devido à enfermidade, este ano já ocorreram 117 óbitos. Este também é o número de casos de mortalidade registrados só na capital do Estado em 2008. Os altos índices podem ser justificados pela falta de informação e de estrutura adequada em Fortaleza, que possui apenas um local de atendimento público: o Centro de Atenção à Saúde do Homem (CASH).


Contando com um consultório e quatro médicos que se revezam nos diferentes dias e turnos, o CASH já atendeu mais de 46 mil homens ao longo de seus 10 anos de funcionamento. Um dos urologistas do Centro é Ivon Teixeira, que trabalha no local desde sua fundação. Segundo ele, os pacientes realizam dois exames preventivos do câncer de próstata no CASH: o Toque Retal (clínico) e o PSA (laboratorial). “Os dois exames são complementares”, ressaltou Teixeira, que explicou também que essas análises são utilizadas em todo o mundo.


De acordo com Ivon Teixeira, uma das maiores dificuldades de tratar o câncer de próstata é o fato de a doença ser assintomática no início. “Depois ele (paciente) começa a ter problemas ao urinar. O jato da urina sai lento ou ele começa a ter uma incontinência”, complementou. No entanto, o médico afirmou que esses sintomas acontecem tanto com um tumor benigno como maligno. “Caso seja diagnosticado o câncer, a solução é realizar a cirurgia radical ou a radioterapia”, acrescentou o urologista.


Um dos novos visitantes do CASH é o pescador Raimundo Barbosa dos Santos, de 58 anos. Acompanhado da mulher Maria Oliveira, Raimundo disse que a primeira consulta foi motivada por ter apresentado um dos sintomas do câncer de próstata. “Eu tive uma crise de urina e um colega me pediu para procurar o Centro”. Segundo ele, o atraso na consulta foi motivado pela falta de casos na família. “Eu achava que não precisava, já que nem meu pai, de 86 anos, nem meu irmão, de 60 anos, nunca necessitaram”.


De acordo com o médico Ivon Teixeira, todos os homens devem procurar um especialista e adotar uma rotina de exames preventivos a partir dos 45 anos. “Já os homens negros e com casos de câncer de próstata em parentes de 1º grau devem fazer isso a partir dos 40 anos”, afirmou. O urologista declarou ainda que o preconceito acerca do assunto tem diminuído nos últimos anos. “Hoje eles têm mais medo do resultado do exame do que do exame em si”.

Serviço: O Centro de Atenção à Saúde do Homem (CASH) localiza-se no Frotinha do Antônio Bezerra. Telefone: (85) 3488 3231.