Dose dupla: Bradesco nega emissão de CAT e continua a demitir

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E mais uma vez o Bradesco ganha destaque na pauta de reivindicações do Sindicato dos Bancários do Ceará. Não podia ser diferente. Agora, além de demissões, o Bradesco se recusa a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) a seus funcionários. Os diretores do Sindicato protestaram contra o banco na agência do José Walter, em 19/1.

As normas previdenciárias obrigam as empresas a emitir a CAT na hipótese de uma simples suspeita de doença ocupacional. Contrariando essa orientação, o Bradesco manda o bancário para as agências do INSS com um formulário intitulado “Requerimento de Auxílio-Doença”. Com esse documento, a perícia do INSS concede, automaticamente, o “auxílio-doença comum”, um benefício prejudicial aos bancários. Durante a licença assistida por esse benefício, o bancário não tem suas cotas do FGTS depositadas e, ao retornar da licença, não tem a estabilidade de um ano, o que lhe é de direito quando é concedido o auxílio-doença acidentário.

A não emissão ou a demora da emissão da CAT é um subterfúgio que o Bradesco usa para que os bancários não gozem da estabilidade garantida pela Previdência Social. “Orientamos a todos os bancários portadores de doenças ocupacionais, quer do Bradesco ou não, que só se dirijam ao INSS com a CAT em mãos. Só assim serão garantidos todos os direitos constantes da Previdência Social”, recomenda Eugênio Silva, secretário de Saúde do SEEB/CE. “Se o banco não emitir a CAT, procure o Sindicato, que também tem autorização legal para emití-la”, finaliza Eugênio.

Na frente da agência do José Walter, diretores do SEEB/CE protestaram contra as demissões do Bradesco no Ceará, que não param desde que o banco incorporou o BEC, em 15/5 do ano passado. “Só agora, no início de 2007, já tivemos sete agendamentos de demissões. O Bradesco não tem motivos pra fazer isso. Só o seu lucro anual daria pra sanar o problema de habitação do Ceará, Piauí e Maranhão juntos”, denunciou o diretor do Sindicato Clécio Morse.

“O lucro do Bradesco é construído a partir da exploração dos seus empregados, de juros e tarifas altas e da venda de produtos que são verdadeiros abacaxis para o cliente. Além disso, em algumas agências, o Bradesco cobra até estacionamento”, denunciou Leirton Leite, diretor do Sindicato dos Bancários.

Insatisfeito com o banco de seu bairro, o aposentado Mário Maia, 58 anos, pediu para falar ao microfone. “Acho muito oportuno da parte do Sindicato dos Bancários fazer essa advertência aqui. Até porque fui concursado da Teleceará, onde trabalhei por 23 anos, e, quando veio a onda privatista, em 98, fui demitido”, opinou Mário. O aposentado ainda falou sobre a luta da população do José Walter para conseguir levar uma agência do BEC para o bairro. “A gente fez abaixo-assinado, reivindicando uma agência do Banco do Estado pra cá. Agora temos que ser clientes desse banco privado”, reclamou.