E a saúde do bancário, como vai?

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Em recente pesquisa realizada pela Secretária de Saúde do Sindicato, verificou-se que 12,1% de uma amostra de bancários cearenses encontrava-se em estado de estresse, apresentando vários sintomas de cansaço e tensão. Na verdade, quase a metade dos bancários entrevistados relatou que se sentia nervoso, tenso ou preocupado.


É claro que se sentir tenso e preocupado diariamente não pode fazer bem à saúde. Assim, é bem provável que esses sintomas acabem por desembocar, em alguns, em outras doenças e afecções mais graves. Não é pequeno o número de bancários que se afastam do trabalho por problemas de LER/DORT e depressão.


Mas de onde vem essa tensão? Por que, no momento atual, os bancários sentem-se tensos e preocupados? A origem talvez esteja, novamente, no próprio trabalho. Com as inovações tecnológicas vieram também as inovações gerenciais. A gestão de pessoas passa a ser o principal componente para a obtenção do lucro e a forma de gerir se modifica. A administração por objetivos, em que o funcionário tem que atingir a meta traçada externamente, às vezes, sem nenhum comprometimento ou análise das condições locais, é para deixar todos “tensos e preocupados”. A vivência é de uma situação “sem saída”, ou onde a única saída é sair dali, literalmente. Não é, portanto, aleatória a deteriorização da saúde do bancário.


A situação dos portadores de LER/DORT pode ser ainda mais agravada quando o bancário recebe alta médica depois de um relativamente longo afastamento e deve retornar ao trabalho. Dada a sua fragilidade, em alguns casos, ele acaba sofrendo assédio das chefias e dos próprios colegas. Como se o sofrimento decorrente da síndrome dolorosa não fosse suficiente, ele é visto agora como um “diferente”, como alguém que se “esconde” atrás da doença para não trabalhar e ajudar a equipe.


Além do problema gerado pela situação organizacional interna, há também os problemas relacionados com a violência da sociedade atual. São inúmeros os assaltos a bancos, violentos, com mortes e abusos físicos. A esse risco, todos nós estamos expostos, mas os bancários ficam exatamente na linha de fogo da trajetória dessa violência. Convivem com esse perigo todos os dias, simplesmente porque trabalham em um local de risco.


Os bancários, portanto, estão expostos a uma série de riscos que podem afetar a sua saúde e, na grande maioria dos bancos, pouco se tem feito para melhorar essa situação. As ações para a diminuição dos riscos têm estado por conta dos próprios bancários, seus sindicatos e representantes. Nessa linha, o NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico) e as mudanças nas taxas do seguro acidente das empresas, até certo ponto uma conquista dos trabalhadores, tem levado os empresários a reverem sua posição no que se refere às doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Mas, por enquanto, a saúde não vai muito bem, não!

Dra. Regina Maciel, assessora de Saúde do SEEB/CE