E agora, o que fazer? Eis a questão

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Existem dois públicos atingidos pela reestruturação do BB. O primeiro é o público que vai sair. Deve ter cuidado ao sair e se está seguro da saída. Porque para sair, tem que ter equilíbrio na vida financeira, emocional, familiar, espiritual, no amor. Tem que sair muito firme, porque vai deixar algo que está há mais de 30 anos, todo dia fazendo a mesma coisa e no dia seguinte não tem mais pra onde ir. Tem que ver que, no outro dia, não tem mais trabalho e o ser humano vive do trabalho.


A sociedade só respeita você, se tiver trabalho. O principal motivo de ninguém dá valor ao aposentado, é porque ele não tem uma produção, se tivesse toda sociedade admirava. A sociedade oriental admira o aposentado, porque admira a experiência. Nós ocidentais gostamos daquilo que produz.  Além do mais, temos que ter consciência de que vamos invadir o espaço dos outros. Quem tem companheiro(a), ao retornar para casa vai incomodar, porque aquela casa já tem um gestor e você vai invadir espaço do outro. Se você põe uma rede na sala, a mulher já começa a ficar incomodada, porque desarrumou a casa.


O segundo público é o que vai ficar. Vai ficar no banco que quer, ou no banco que estão construindo pra você? Se os dois forem parecidos, beleza. Mas se não, vai ter muito trabalho em ir trabalhar. Vai ter que ouvir mensagens de autoajuda, fazer ioga, frequentar psicólogo etc. Isso é preocupante, porque está saindo de um banco do atendimento face a face, cara a cara, para um banco da máquina, virtual. Será que está preparado para trabalhar com máquina ou como máquina? Se for novo, vai se adaptar logo, se não, terá um questionamento muito grande.


Cada um tem que fazer sua reflexão e tomar a decisão. O trabalho não deve ser punitivo, tem que ser prazeroso. Porque você trabalha? Se o colega do banco tem que ouvir mensagens de autoajuda, para suportar o trabalho, tem que repensar a vida.


A nossa vida é um dom para buscar a felicidade. O ser humano quando acorda pode tomar uma decisão: eu quero ser feliz, eu posso ser feliz. Só isso.


Valdir Maciel, diretor do Sindicato e aposentado do BB