EM DEFESA DO BANCO DO BRASIL PÚBLICO E DA GOVERNANÇA DA PREVI

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No meio da maior crise sanitária mundial, com consequências devastadoras para a economia em todo o mundo, semana passada, outra ameaça voltou a pairar sobre as cabeças dos funcionários do Banco do Brasil: a privatização. Foi o que mais uma vez defendeu o ministro da Economia Paulo Guedes, em reunião ministerial entregue ao STF em processo de investiga denúncias de interferência na Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro. É um grande sonho dos ultraliberais entregar o Banco do Brasil ao mercado. E junto, a Previ.


O deputado federal Christino Aureo (PP-RJ) criticou a declaração de Paulo Guedes. Funcionário aposentado do banco, o deputado disse que “foi com um misto de incredulidade e surpresa” que viu as palavras “de baixo nível” de Guedes. “Ofendendo, obviamente, não somente aos servidores, aos funcionários, mas todos aqueles que respeitam o Banco do Brasil”.


A declaração de Guedes também gerou críticas do ex-ministro Ricardo Berzoini, que disse que “quem conhece Paulo Guedes sabe de suas limitações e da incapacidade de pensar qualquer estratégia para enfrentar o porte da crise que vivemos”.


A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, também falou sobre o assunto. “Não é a primeira vez que o Guedes deixa claro sua intenção de privatizar o Banco do Brasil. O banco já tinha sido incluído na lista de empresas a serem privatizadas e depois houve o recuo por causa da repercussão que a declaração teve. Mas, sem falar em privatização, o banco vem sendo vendido aos poucos. Suas partes mais rentáveis já foram vendidas e vai chegar uma hora que vai ficar só o ‘esqueleto’”, disse. “Esta é a hora de a gente usar todas as formas possíveis para denunciar esta manobra e mostrar para a sociedade o que ela pode perder com a venda do banco”, completou.


Essa ideia do Estado mínimo não está apenas defasada. Já vinha sendo questionada pelo próprio FMI e economistas liberais, mesmo antes da decisiva intervenção dos governos para combater a pandemia do Covid-19 e seus impactos econômicos e sociais.


PREVI – A Previ é outro exemplo, por qualquer critério que se adote. Seja pelo tamanho e pela solidez. Pela importância na economia. Pela governança. Seja pela eficiência. A taxa de administração, por exemplo, é o indicador que mostra a razão entre as despesas administrativas e os ativos totais de um fundo de pensão. Em um plano BD como o Plano 1, as despesas administrativas não interferem no valor dos benefícios, calculados pela média dos últimos salários. Nos planos CD e CV, como o Previ Futuro, os benefícios são calculados pelo saldo de conta individual de cada um. E aí, quanto menores as despesas administrativas, maior será o saldo de conta acumulado e o valor do benefício.


Graças às políticas de controle das despesas administrativas e do crescimento dos ativos, a Previ vem reduzindo a taxa nos últimos anos. Segundo estudo da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), a média da taxa de administração das dez entidades fechadas com patrimônio superior a R$ 15 bilhões era de 0,30% em 2018. A da Previ era a segunda mais baixa, com 0,16%. E no ano passado caiu para 0,14%. É de longe a menor se comparada com os fundos de mercado, como a Brasilprev.


É, portanto, uma grande mentira a tese de Guedes e do mercado – defendida por alguns até dentro do Banco do Brasil – da ineficiência das empresas públicas e das entidades construídas e geridas pelos trabalhadores, como a Previ. É imprescindível para o desenvolvimento do Brasil o BB continuar público. E necessário assegurar a governança da Previ, para a solidez da entidade, para a tranquilidade e o futuro dos associados do Plano 1 e do Previ Futuro.


“Repudiamos, imensamente, essa fala do ministro Paulo Guedes. Nós não concordamos com a privatização do Banco do Brasil. O BB é uma empresa bicentenária importantíssima para a economia brasileira. O Banco é uma empresa rentável e que exerce perfeitamente o seu papel social, seu compromisso com a sociedade brasileira, sendo fundamental na agricultura familiar, política de alimentação, entre outras frentes. Privatizar o BB é fazer com que a população, por exemplo, passe a pagar muito mais caro pela comida que vai para a sua mesa. Além disso, empresas públicas fortes como o BB serão muito importantes para a retomada da economia brasileira no período pós-pandemia. Não faz sentido privatizar o BB, pois empresas públicas como o BB e a nossa caixa de previdência devem ser defendidas sempre”

José Eduardo Marinho, diretor do Sindicato e funcionário do BB