Na primeira rodada deste ano das negociações permanentes com a Caixa Econômica Federal, realizada no dia 10/2, em Brasília, a Contraf-CUT, federações e sindicatos, com a assessoria da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), voltaram a cobrar uma solução para os problemas que os empregados pelo Brasil afora vêm enfrentando depois da retomada, pela empresa, das Ret/PVs – a chamada retaguarda das unidades. A luta do movimento nacional dos empregados é para por fim à concentração e ao crescimento da carga de trabalho nas unidades de ponta, provocadas, sobretudo, pela carência de pessoal.
Na reunião, a Contraf-CUT lembrou que a esmagadora maioria dos empregados das retaguardas continua sobrecarregada, existindo situações em que os tesoureiros, por exemplo, se desdobram para ajudar no atendimento, muitas vezes sozinhos, sendo obrigados a transportar dinheiro e abastecer os terminais de caixa eletrônico, além das atividades pertinentes às suas funções. Em muitas unidades, tesoureiros e Técnicos de Operação de Retaguarda (TORs) estão assumindo funções semelhantes, o que configura uma irregularidade, dado o caráter distinto de suas atividades.
Outros problemas recorrentes, segundo as denúncias dos empregados, são a falta de segurança e o espaço físico inadequado de agências e PABs, situações incompatíveis com condições dignas de trabalho. A Caixa reconheceu a natureza estressante das atividades dos tesoureiros, admitindo ser preciso priorizar a questão da segurança.
Em relação às retaguardas, a Caixa informou que as agências vão passar por um processo de dimensionamento. O quantitativo a ser dimensionado é de 5.738 pes-soas, mas há ainda a necessidade de alocação de pelo menos 400 novas vagas para as Rerets. Esse processo ainda está sendo concluído, mas já foi tomada a decisão de contratar 418 novos bancários. Segundo a Caixa, as unidades que estiverem fora das Ret/PVs terão alguns de seus serviços centralizados, para diminuir a carga de trabalho. A empresa também pretende automatizar processos.
A Contraf-CUT deixou claro que a solução para as demandas das retaguardas passa por dimensionar a rotina de trabalho e de atividades da área, com base nas peculiaridades locais. Foi reivindicada a valorização da carreira para os empregados que serão atingidos pelo modelo de Ret/PV a ser implantado, de modo a que sejam evitadas situações como as do não cumprimento do horário de almoço, a extrapolação da jornada sem registro correto, os descontos de valores por falhas tecnológicas do sistema e as relacionadas às férias interrompidas.
PCS: promoção por mérito – A Caixa pretende revisar o modelo em vigor. Uma proposta consolidada será apresentada pela empresa nos próximos dias 6 e 7/3. A Contraf/CUT cobrou uma averiguação do que foi conseguido implantar no ano passado. A reivindicação é para que haja isonomia na distribuição de deltas, de modo a que nenhum empregado venha a ser prejudicado.
Horas extras – O excesso de horas extras sobrecarrega os empregados na rede de agências. A Contraf/CUT – CEE/Caixa lembrou que o cumprimento de uma jornada além do horário convencional coloca em risco a saúde do trabalhador, que fica exposto a erros pela carga excessiva de trabalho, e compromete a segurança da agência como um todo. A Contraf/CUT também contestou a posição da Caixa de subordinar a compensação de horas extras ao AVGestão.
CCV específica sobre 7ª e 8ª hora – A Caixa apresentou uma minuta aos representantes dos empregados, e a proposta é firmar um termo aditivo às Comissões de Conciliações Voluntárias (CCVs) já existentes. A previsão é de que esse processo seja implantado no início de março. O movimento deixou claro, no entanto, que não aceita nada além daquilo que estiver acordado entre as partes.
Modelo de PLR – Será realizada em março uma reunião da comissão paritária a ser formada por representantes dos trabalhadores e da empresa, com o propósito de debater uma proposta específica de modelo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Aposentados – Foi cobrada uma solução para os problemas ainda existentes em relação ao pagamento indevido de tarifas bancárias pelos aposentados. A Caixa também demora em alterar o valor das taxas de juros do cheque, o que vem prejudicando o segmento.
Pressionada a esse respeito, a empresa assumiu o compromisso de devolver tudo aquilo que for debitado indevidamente. Também será feito o estorno para os casos já ocorridos. A ideia da Caixa é resolver definitivamente essa situação até o dia 8/3.
Sistema de Ponto Eletrônico – A Contraf/CUT voltou a reivindicar a extinção do registro de horas negativas do Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon), assim como a adoção de login único para acesso aos sistemas corporativos. Em resposta a essa reivindicação, a Caixa informou que o processo relativo ao login único está praticamente pronto, com implantação tão logo seja concluída a avaliação por desempenho da promoção por mérito.
Compensadores – A Contraf/CUT reivindicou que a incorporação do adicional noturno seja estendida a todos os empregados que trabalhavam na extinta área de compensação de cheques, e não só àqueles com no mínimo 10 anos no exercício da função.
Protocolo de combate ao assédio moral – Os problemas permanecem. Isto porque a Caixa não vem dando a importância devida para os casos denunciados de empregados ainda vítimas de assédio moral. Ao protestar contra essa situação, a Contraf/CUT cobrou o fim destas práticas. A Caixa, por outro lado, alegou que a solução para os casos considerados como assédio moral passa por um rito. Segundo a empresa, as situações denunciadas são encaminhadas a uma comissão de ética, que se encarrega depois de apresentar proposta para resolver o problema. Ocorre que, na maioria das vezes, a Caixa não vem cumprindo os prazos estabelecidos pelo Protocolo para Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho.
Representante no Conselho de Administração – Reunido recentemente, e apesar de essa decisão não contar com o aval do Conselho Diretor, o Conselho de Administração da Caixa rejeitou a proposta de alteração do estatuto do banco, para permitir que empregados que não tenham ocupado função de gestor possam concorrer ao cargo.
Houve protesto quanto à recusa da Caixa em atender uma reivindicação considerada legítima pelo movimento nacional dos bancários. Essa exigência, na avaliação da Contraf/CUT, é absurda ao deixar de fora praticamente 90% dos trabalhadores da empresa. E, nesse caso, os empregados repudiam a adoção de qualquer medida restritiva. A representação nacional dos empregados lembrou ainda que a lei nº 12.353, sancionada em dezembro de 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e regulamentada pela presidenta Dilma em março de 2011, propicia grande salto no processo de democratização da gestão das empresas públicas, contribuindo para a melhoria da condução do patrimônio público.