Enquanto a maioria das categorias luta por redução da jornada de trabalho, há uma que já conseguiu diminuir as horas trabalhadas e hoje batalha para não perder a conquista: os bancários. Com jornada de seis horas desde 1934, atualmente apenas 40% dos funcionários do setor ainda trabalham nesse ritmo, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), contra cerca de 80% inicialmente. A maioria hoje cumpre carga de trabalho de 40 horas semanais.
Quando a redução da jornada dos bancários foi incorporada à Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em 1943, um artigo excluiu “as funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de confiança”. Segundo a Contraf-CUT, uma mudança na política de administração dos bancos aumentou o número de funcionários que se enquadram nessa especificação, sem representar, porém, um aumento de poder de decisão.
“A partir dos anos 80, quando os bancos segmentaram as carteiras, foram criados novos cargos de gerência, sem poder de mando, mas, na prática, com jornada maior de trabalho”, explica Miguel Pereira, diretor de Organização da Contraf-CUT. Segundo ele, uma das reivindicações da categoria é que esse artigo seja melhor interpretado e mais trabalhadores passem a trabalhar sob jornada de seis horas.
Para a Contraf-CUT, cerca de 70 mil postos de trabalho seriam gerados com essa mudança. “Consideramos a situação atual um retrocesso em relação ao que tínhamos na década de 30”, diz Miguel.
Segundo Pereira, as discussões com as empresas focam na questão da saúde do trabalhador. Além disso, a Confederação participa das campanhas de redução das demais categorias para 40 horas por considerar politicamente importante. “O ganho de produtividade tem que ser compartilhado entre as empresas e os trabalhadores. Dessa forma, estaremos protegendo o que já foi conquistado”, diz ele.