Entrevista com Marcel Barros, candidato a Diretor de Seguridade pela Chapa 6

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MARCEL BARROS tem 49 anos de idade e 34 como funcionário do Banco do Brasil. Foi secretário-geral da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários. Nessas funções, participou na última década de todas as negociações que resultaram em conquistas para os associados na Previ e na Cassi, como a utilização dos recursos do Fundo Paridade e do superávit da Previ para melhorar benefícios e suspender as contribuições. Foi conselheiro deliberativo da Cassi de 2008 a 2010 e desde 2009 é Auditor Sindical no BB indicado pela Contraf-CUT. É formado em História, pela Faculdade de Ciências e Letras de Bragança Paulista, e cursou Matemática e Economia na Universidade de São Francisco, sem concluir os cursos.

Como foi pensada a formação da Chapa 6?

Ela tem esse nome “Unidade na Previ” porque foi constituída a partir da unidade do movimento sindical com as diversas associações de aposentados e as AABB’s. É uma chapa que uniu diversos segmentos de funcionários do Banco do Brasil para representar, da forma como é preciso, os associados dentro da Previ. É necessário ter respaldo de entidades de representação para a gente conseguir fazer os embates que são necessários para defender o patrimônio dos trabalhadores que depositam todo mês parte do seu salário para garantir uma boa aposentadoria.

Quais são as principais propostas de vocês?

Na Previ, temos dois grandes planos. Para o Plano 1, o mais antigo e que está fechado, a nossa proposta, basicamente, se dispõe a negociar os superávits para garantir melhores benefícios. Nós já vinhamos fazendo isso. Em 2005, diminuimos a parcela Previ. Em 2007, aumentamos o teto do benefício – de 75% para 90% do salário de contribuição. Em 2010, criamos o BET (Benefício Especial Temporário), que aumenta em 20% o benefício dos aposentados e criou uma conta para quem está na ativa dentro da Previ para poder sacar quando se aposentar. Nós devemos ter um novo superávit agora e, com ele, a gente abre uma nova negociação com o banco, onde a proposta é incorporar o BET para que seja vitalício o reajuste de mais 20% no salário dos aposentados, dos benefícios dos aposentados, e de quem vier a se aposentar também. Nós queremos aumentar o teto do benefício – de 90% para 100% do salário de contribuição – e estabelecer um teto de benefício, que é uma coisa importante para o pessoal do Plano 1. Hoje, não existe teto e é a ação dos eleitos que garante que o banco não consiga implementar o que ele quer, que é um teto de cerca de 80 mil, que leva em consideração verbas salariais que não entram no cômputo do benefício. Se vale para os executivos do banco, tem que valer para todo mundo. E se não vale para a maioria dos associados não vale também para os executivos do banco. Então, a nossa proposta é que o teto seja 35 mil – o maior salário que existe de carreira exclusiva do funcionário do Banco do Brasil.


Nós também estamos propondo diminuir a Parcela Previ, caso haja recurso do superávit para isso. São algumas das propostas que nós colocamos, além de uma que beneficia os pensionistas. Na falta de um titular, nós propomos aumentar o valor das pensões. Precisamos saber a quantidade que tem de superávit para garantir isso.


O Plano Previ Futuro é um plano de quem entrou no banco a partir de 1998. É um plano que, a partir de quanto a pessoa contribui, de quanto ela consegue guardar ao longo do tempo que trabalhou no banco, é que vai se definir quanto é o benefício dela. Então, a grande questão é como garantir a formação da reserva e como conseguir uma boa administração com uma rentabilidade que garanta um bom benefício na hora da aposentadoria. Nós temos também a preocupação de orientar e informar os funcionários sobre as partes de contribuição: a parte normal, que é a parte A e a parte B, que ele contribui com mais de 7% e o banco também; a parte C, que é só uma contribuição individual. Nós temos também os perfis de aplicação. Eles foram criados por uma proposta dos conselheiros consultivos eleitos do Previ Futuro e os associados podem escolher onde querem colocar parte de suas reservas – se é numa aplicação mais agressiva, se é numa aplicação mais conservadora ou numa aplicação moderada. Se o associado não quiser escolher nenhuma delas, ele fica num perfil que é da Previ, um perfil padrão, chamado de perfil Previ, que tem todos os tipos de papéis – tem renda fixa, renda variável, tem tudo. Mas, para isso precisa ter uma assessoria. Então, nós estamos propondo criar uma assessoria para o pessoal do Previ Futuro, em que ele vai receber informações de quais são os papéis, qual é o nível de risco, qual a perspectiva de rentabilidade, para ele poder optar por um dos perfis de aplicação, sabendo o que está fazendo. Também no Previ Futuro, nós temos a proposta de diminuir a taxa de administração. Hoje já tem 76 mil associados no Previ Futuro, tem o crescimento natural dessas pessoas na carreira, porque vão ocupando mais cargos dentro do banco, estão entrando mais trabalhadores e a despesa administrativa vem se mantendo num patamar análogo, sempre no mesmo nível de despesa. Então é possível você diminuir a taxa porque você tem mais recursos e com isso, mais recursos do que o associado contribui mensalmente, vai para a conta individual dele. A tendência é que as pessoas comecem a se aposentar no Previ Futuro daqui a 20 anos, quando tiverem 30 e poucos anos de banco. Então, nós temos um tempo para garantir a formação dessa reserva. Um por cento a mais que você deposita todo mês tem um impacto grande. Também é possível, como já tem um patrimônio bastante significativo, melhorar as condições para o empréstimo simples e para o empréstimo imobiliário, tendo mais prazo para pagar e tendo um limite maior de valores. Conforme cresce o patrimônio, conforme cresce a reserva individual de cada um, é possível melhorar essas condições. Essas são algumas das propostas que temos tanto pro Plano 1 como para o Previ Futuro.

Como é a participação dos trabalhadores na composição da direção da Previ. Como é a composição da Previ hoje?
A direção da Previ é paritária. Na direção, são seis diretores executivos – três indicados pelo banco e três eleitos pelos associados. Nós estamos renovando nesse momento um terço da diretoria, dois terços do conselho deliberativo, um terço do conselho fiscal e um terço do conselho consultivo dos planos 1 e 2. A cada eleição, renovaremos parte dos eleitos e a outra parte é o banco que indica. Então é importante saber que toda decisão que tem dentro da Previ passa pela diretoria executiva e pelo conselho deliberativo. Por isso, uma das propostas que temos é o fim do voto de minerva. Hoje, o banco tem o voto de minerva, que a rigor, tira a paridade. Porque o presidente do Conselho Deliberativo e o presidente da Diretoria Executiva, indicado pelo banco, têm o poder de desempatar. Tem um projeto de lei, inclusive, do deputado Ricardo Berzoini para acabar com o voto de minerva e com os efeitos da Resolução 26 – essa é outra questão que muitas vezes as pessoas perguntam. Em todas as negociações que fezemos com o banco, ele nunca retirou o dinheiro da Previ. Então, os recursos ficam dentro da Previ para que sejam honrados os compromissos do banco com os associados. Nunca saiu nenhum centavo de dentro da Previ. Os recursos ficam lá, rentabilizando de acordo com as aplicações que tem, o patrimônio da Previ. E o banco, apesar de tentar muitas vezes, nunca conseguiu tirar. E é por isso que o embate para acabar com a Resolução 26 é muito importante.