Falta de funcionários causa sufoco no Santander

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Desde que assumiu a presidência da filial brasileira do Santander, em abril de 2013, o banqueiro Jesús Zabalza vem promovendo um agressivo programa de corte de custos, a exemplo do que fez nos outros países latino-americanos onde presidiu a instituição espanhola. Apenas nos primeiros três meses deste ano, o banco eliminou 970 vagas em todo o País.


O número de funcionários, que era 53.484 em março de 2013, chegou a março deste ano em 48.651. Além disso, a instituição fechou 150 agências em 12 meses, sendo 58 apenas no primeiro trimestre deste ano. Tudo isso no mesmo período em que o número de clientes experimentou um salto de 10%.


Os efeitos colaterais dessa atual gestão não tardaram a aparecer. O Santander se destaca no fechamento de postos de trabalho e na insatisfação de clientes, frente a outras instituições financeiras. Os correntistas aumentaram de 27,3 milhões para 30 milhões, de 2012 a 2013. Assim, em maio, teve o índice mais alto de reclamações de clientes junto ao Banco Central, sendo o que mais teve queixas pelo quarto mês apenas neste ano. Em 2013, o Santander foi o campeão de reclamações em oito dos doze meses.


Em Fortaleza foram 18 demissões entre bancários que pediram para sair, por conta da imposição de metas inalcançáveis, e bancários que o próprio banco demitiu. Essas demissões ocorreram no período de janeiro a junho desse ano e refletem no atendimento à população. Segundo o diretor do Sindicato e funcionário do Santander, Eugênio Silva, “o banco demite, reduz o quadro, admite numa quantidade menor que demite, mas as metas continuam as mesmas, aumentando a sobrecarga dos que ficam”.


O dirigente denuncia ainda que, em visitas as agências, é comum presenciar unidades lotadas com número reduzido de funcionários, gerente administrativo atendendo no caixa, gerentes de negócios responsáveis por mais de uma carteira, entre outros problemas. Além de conviver com a falta de funcionários, os bancários são obrigados a cumprir metas altíssimas e, para ficar pior, as cobranças são diárias, essa situação causa adoecimento nos funcionários que por muitas vezes trabalham doente.

Essa semana, o Sindicato dos Bancários visitou a agência da Av. 13 de Maio e constatou a falta de funcionários naquela unidade e o sufoco pelo qual os bancários estão passando, problema esse que já foi levado ao conhecimento da direção regional do banco.


Onde Reclamar


A insatisfação com serviços e produtos oferecidos por instituições financeiras pode ser registrada no Banco Central (BC) e as reclamações ajudam na fiscalização e regulação do Sistema Financeiro Nacional. Entretanto, o BC recomenda que a reclamação seja registrada, primeiramente, nos locais onde o atendimento foi prestado ou no serviço de atendimento ao consumidor (SAC) da instituição financeira.


Se o problema não for resolvido, o cidadão pode ainda recorrer à ouvidoria financeira, que terá prazo máximo de 15 dias para apresentar resposta. Os clientes bancários também podem buscar atendimento no Procon e recorrer à Justiça.


“O reduzido número de funcionários nas agências, mesmo com todo o esforço e dedicação do funcionalismo, tem ocasionado como resultado a prestação de um péssimo serviço por parte do banco à população. A situação pode – e deve – ser objeto de reclamação junto ao Banco Central”
Aílson Duarte, diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará