“Faroeste Caboclo”, adaptação da música da Legião Urbana, chega aos cinemas

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O ano era 1987, e as rádios foram tomadas por uma canção que fugia em tudo dos padrões da indústria musical. Em nove minutos e quatro segundos e 161 versos, “Faroeste Caboclo” levou a todo o País a saga de um homem negro e pobre que gostaria de “falar com o presidente para ajudar toda essa gente que só faz sofrer” – mas que morre antes disso, no duelo mais famoso do rock brasileiro. Vinte e seis anos depois, a música mais cinematográfica do pop nacional chega à tela grande. “Faroeste Caboclo” estreou em todo o Brasil no último dia 30/5.


O longa do diretor René Sampaio nasce cercado de expectativas dos milhões de fãs da Legião Urbana, que sabem de cor e salteado a jornada de João de Santo Cristo, do interior da Bahia até o tiro fatal do arqui-inimigo Jeremias no lote 14 da Ceilândia, cidade-satélite da capital federal.


Mais do que uma adaptação literal das estrofes de Renato Russo, o diretor buscou entender o cerne da canção para então transformá-la em imagens. “Tentei amplificar as emoções que a música traduz”, afirma Sampaio. Para ele, o conflito entre personagens, mais do que denúncias sociais, é a alma de “Faroeste Caboclo” e apostou todas as fichas nisso.


“Qual a parte principal da música?”, questiona Sampaio. “É o duelo final. O que eu tenho que fazer para construir isso? Tudo que não contribuísse para isso não deveria estar no filme”.


“Faroeste Caboclo” é sobre o triângulo amoroso entre João, Maria Lúcia e Jeremias, entremeado por drogas, crimes e, é claro, Brasília. “Esses são os eventos mais importantes: o duelo, Maria ficar com o Jeremias, João querer mudar, a história pregressa dele, como eles se conhecem”, enumera Sampaio.

O diretor afirma que não quis fazer um videoclipe da música. “Para quem curte Legião, é melhor ver uma adaptação dessas do que uma coisa fiel, mas, ao mesmo tempo, capenga”, afirma o diretor.