Governo Collor joga duro, mas trabalhadores resistem

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O ano de 1991 foi marcado pelo decreto do Plano Collor 2, em fevereiro, com um novo congelamento de salários. O Comando Nacional reunido em Brasília decidiu chamar os bancários mais uma vez para a luta. Em 15/3, os bancos estatais paralisaram por uma hora por reposição salarial, em defesa das estatais, pela estabilidade e pelo reajuste mensal dos salários.

O Sindicato dos Bancários continuou ampliando sua organização interna com o objetivo de fortalecer a resistência ao Governo Collor e ao seu projeto neoliberal. A estrutura administrativa foi fortalecida com a criação de 18 secretarias que deram apoio à ação sindical, jurídica e de divulgação das lutas sindicais.

Em maio, dias 22 e 23, os trabalhadores paralisam o País numa greve convocada pela CUT. Os bancários do Ceará aderem ao movimento, especialmente no BNB e BB, reflexo da insatisfação com as direções “colloridas” que “brindaram” os bancários com demissões e descomissionamentos. Em junho, os bancos estatais chegam ao ápice da crise. Na rede privada, continuaram as demissões e os altos lucros dos banqueiros. Para protestar, o Sindicato respondeu com manifestações agressivas nas agências e operações tranca-banco, antes e depois do horário de atendimento.

A Campanha Salarial de setembro foi difícil. Os arrastões nos bancos e as passeatas e teatro de bonecos deram o tom da campanha. No entanto, os banqueiros continuaram intransigentes na negociação. A greve é deflagrada em 11/9, mas não conseguiu paralisar os bancos privados no Ceará devido à grande repressão exercida pelos banqueiros. No setor estatal, até mesmo o Banco Central paralisou. Os bancos privados fecharam acordo poucos dias depois, deixando os estatais em greve e sem nenhuma proposta. A greve foi encerrada dia 1º/10, sem grandes conquistas. Em dissídio coletivo no TST, BB e CEF ofereceram 100% de aumento em duas parcelas. A Contec, por sua vez, fez um acordo à revelia da categoria. Os anos de 1990 e 1991 ficaram conhecidos como anos difíceis para os trabalhadores brasileiros.