Reunidos em assembleia na segunda-feira, 14/10, os bancários do Banco do Brasil deliberaram pelo fim da greve e retorno ao trabalho após 26 dias de paralisação. Apesar da pressão, assédio moral e práticas antissindicais tomadas pela direção do BB, a greve foi forte em todo o Estado durante os 26 dias. Gestores chegaram a barrar a entrada do Sindicato nas agências, mas a força da greve veio de dentro para fora, com bancários indignados com a atual postura do banco.
“A categoria está cada vez mais revoltada com a direção do BB. São metas cada vez mais abusivas, pressão, assédio, mudança de regra a toda hora, cobrança até nos finais de semana, tudo em nome de mostrar resultados. A resposta a isso foi um movimento forte e coeso que arrancou inclusive travas contra esse tipo de comportamento. Afinal, esse banco que adoece, que mais parece um banco privado, que cobra de tudo e de todos, não é o BB que queremos”, avalia o presidente do Sindicato dos Bancários e funcionário do BB, Carlos Eduardo Bezerra.
O dirigente se refere ao compromisso, arrancado em mesa de negociação, de limitar o uso de SMS enviadas aos funcionários cobrando metas, além de, a partir de agora, haver como pré-requisito para funcionário se tornar gestor o fato de ele não ter em sua ficha funcional, nos últimos 12 meses, denúncia de assédio moral na ouvidoria ou no protocolo de prevenção de conflitos.
“A greve foi heróica este ano, apesar das constantes ameaças, inclusive de descomissionamentos, mas nós mostramos nossa força e arrancamos avanços. Nossa greve não foi só por salário, mas por condições de trabalho dignas, por mais emprego, por condições de prestar um melhor atendimento. É por isso que, mesmo não alcançando um acordo tão bom quanto queríamos, os avanços conquistados foram tão importantes. E isso faz da nossa greve um movimento vitorioso”, finalizou o diretor do Sindicato e funcionário do BB, Gustavo Tabatinga.
CONFIRA A PROPOSTA ESPECÍFICA APRESENTADA PELO BANCO DO BRASIL
REAJUSTE COM AUMENTO REAL – O piso e demais verbas salariais serão reajustados em 8% (aumento real de 1,84%). O aumento real no piso acumula 38,5% desde o início da campanha nacional unificada. O novo piso do BB será de R$ 2.104,66 após 90 dias (A2).
CONTRATAÇÕES – Serão contratados 3 mil bancários até agosto de 2014.
PSO/CAIXAS – Os caixas executivos passarão a pontuar como os demais comissionados na primeira faixa de funções: 1 ponto/dia. A contagem será feita de forma retroativa considerando 2006 adiante e com isso os bancários que exerceram a função de caixa desde essa data já terão ou estarão próximos de completar 1095 pontos e adquirir mais uma letra de mérito (R$ 113). Além disso, serão efetivados no caixa mais de 1.200 bancários que já vêm exercendo a função a mais de 90 dias.
TRAVA PARA REMOÇÃO – Para escriturários, a trava diminuiu de 24 para 18 meses.
INCORPORADOS – Mesa temática após 30 dias da assinatura do acordo sobre Cassi e Previ.
TORPEDOS – O banco propôs criar uma cláusula que limita o uso de mensagens de texto (SMS) cobrando metas de seus funcionários fora da jornada de trabalho.
“FICHA SUJA” – O banco também terá como pré-requisito para um funcionário ser gestor, não haver registro dele de denúncia procedente nos últimos 12 meses na ouvidoria ou no protocolo de prevenção de conflitos assinado entre a Fenaban e as entidades sindicais.
PLR – O banco pagará PLR para 117,8 mil bancários e os valores serão maiores que o semestre anterior devido ao excelente trabalho do funcionalismo. O modelo de distribuição terá a mesma estrutura do exercício anterior. O aumento no montante será distribuído para todas as faixas salariais (47% a mais).
• Escriturários recebem R$ 5.837,15 e caixas executivos R$ 6.236,38
• Parcela variável do Módulo BB: a tabela de salários paradigma será aumentada na mesma proporção de 47% a mais.
• Veja alguns grupos: Comissionados FG e FC (plenos) 2,07 salários paradigma, gerência média 2,15 salários paradigma, primeiros gestores 2,57 salários paradigma. (Todas as demais funções na tabela da parcela variável no BB também foram reajustadas pela mesma proporção).
FALTAS DOS DIAS DE LUTA E DA GREVE – A nova redação da Convenção Coletiva de Trabalho permitirá a compensação de até 1 hora por dia até 15 de dezembro. Após isso, as horas restantes serão anistiadas.
RECLASSIFICAÇÃO DAS FALTAS DE LUTA CONTRA O PLANO DE FUNÇÕES – Também serão reclassificadas e serão devolvidos os descontos dos dias de greve dos bancários que participaram da luta contra as mudanças unilaterais do plano de função.
PRORROGAÇÃO DO DIREITO A FAZER HORAS EXTRAS AOS QUE ADERIRAM ÀS FUNÇÕES DE 6 HORAS – O banco informou que os bancários que aderiram ao plano com jornada de 6 horas e redução de salário poderão continuar fazendo até 20 horas extras por mês por mais 6 meses após janeiro de 2014.
Outros Pontos Aprovados
• Vale cultura: no valor de R$ 50,00 por mês para os funcionários que ganhem até 5 salários mínimos, a partir de janeiro/2014.
• Abono das horas de ausências, durante a jornada de trabalho, para os funcionários com deficiência, para aquisição, manutenção ou reparo de ajudas técnicas (cadeiras de rodas, muletas, etc), com limite de uma jornada de trabalho por ano;
• Elevação da licença adoção para homens solteiros (família monoparental) ou com união estável homoafetiva, de 30 para 180 dias;
• Aumento do valor da bolsa dos estagiários, de R$ 332,00 para R$ 570,00;
• Auxílio educacional para dependentes de funcionário falecido ou que tenha ficado inválido em decorrência de assalto intentado contra o Banco – no limite de R$ 868,00 por mês até 24 anos incompletos, na forma das instruções internas (sem cláusula).
• Vacina contra a gripe para todos os funcionários (sem cláusula)
• Movimentação transitória para as ausências da gerência média nos casos de licença de saúde, a partir do 1º dia e até 90 dias, nas agências de qualquer nível com até 7 (sete) funcionários;
• Cláusula com compromisso do Banco em preencher o número de vagas de caixa executivo existentes na data de assinatura do ACT, priorizando os funcionários que já estejam substituindo há mais de 90 dias;
• Compromisso do Banco em normatizar internamente o treinamento dos gestores que não obtiverem desempenho suficiente no RADAR (sem clausular);
• Mediação de Conflitos: Compromisso do Banco de agregar a metodologia de ouvidoria existente à metodologia de mediação de conflitos, treinando todos os gerentes de Gepes, analistas que atuam na Ouvidoria e Administradores (sem clausular);
• Compromisso de considerar somente os 20 primeiros do TAO para os processos seletivos e nomeações nas Unidades do Banco (sem clausular);
• O banco se compromete a efetuar ajustes nos percentuais do Adicional de Função de Confiança (AFC) e do Adicional de Função Gratificada (AFG) em relação aos Valores de Referencia (VR) das Respectivas Funções, a partir de 01.09.2016, conforme os termos desta Cláusula.
• Renovação do Acordo Coletivo (acordo marco) sobre CCV por 2 anos, sem cláusula de suspensão de ações judiciais por 180 dias.
• Realização de mesa temática sobre CABB.