Seu Waldir Faria Freitas é um desses bancários que, mesmo após 30 anos de aposentado, não soube o que era ficar sem fazer nada. “Gosto de estar ocupado. Nestes 30 anos, nunca fiz uma viagem de lazer”. Há 10 anos, seu Waldir cumpre um expediente diário, na Associação dos Aposentados do BNB (AABNB), onde é diretor administrativo.
De sorriso fácil e voz firme, seu Waldir, de 78 anos, conta suas aventuras da época de bancário, das viagens que fez e das regiões que ajudou a desenvolver, como Roraima, quando era diretor administrativo do banco do Estado. Ele também fala com orgulho da contribuição que vem dando à AABNB. Ao falar de suas paixões, seu Waldir faz questão de mostrar a lista dos livros que já leu. De Machado de Assis a Shopenhauer, um mergulho na literatura e na memória de quem tem muita história para contar e muita vontade de viver.
Sobre o tratamento dado aos idosos, seu Waldir é enfático e afirma que, embora muita coisa tenha mudado, eles não são tratados como deveriam. “Muitas vezes, a própria família tem o idoso como um estorvo e o joga em asilos, como se ele não tivesse mais utilidade. Para muita gente, o idoso já deu o que tinha que dar”. Para mudar essa realidade, ele aponta uma saída: “a educação infantil deve ser priorizada, podemos conscientizar as crianças. Já o tio delas (o adulto de hoje) não tem mais jeito”.
Lei – O Estatuto do Idoso foi criado em 2003 e é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Estabelece, entre outros pontos, que a família, a sociedade e o poder público são responsáveis por garantir, ao idoso, direito à saúde, à alimentação e à cidadania. Entretanto, basta dar uma volta pelas ruas e ver que, para muitos, essa lei nunca saiu do papel e o respeito a seus direitos ainda é um sonho distante. O dia do idoso (1º/10) foi instituído em 1999 com o objetivo de refletir sobre a situação dos direitos e dificuldades dos idosos no Brasil.