Trabalhadores querem manter, no governo Dilma, política de valorização aplicada no Brasil desde 2003. A política de valorização do salário mínimo, criada no governo Lula em negociações com o movimento sindical, é responsável por parte importante dos resultados alcançados pela economia brasileira nos últimos anos.
Desde 2003, quando era de R$ 240,00, o reajuste total do piso nacional foi de 155% e o aumento real bateu a casa dos 53,67% em janeiro deste ano, quando o valor chegou a R$ 510,00. Essa recuperação ajudou a melhorar a vida de mais de 45 milhões de pessoas, que direta ou indiretamente têm sua renda baseada no salário mínimo.
Distribuição de renda que contribuiu com o desenvolvimento econômico do Brasil. Todos sabem da importância dessa política que ajudou no crescimento do Brasil e queremos estabelecer os critérios para que seja mantida também no governo da presidenta Dilma Rousseff.
Dilma já anunciou, em sua primeira entrevista coletiva após eleita, na quarta-feira, dia 3/11, que o mínimo deve ter aumento no ano que vem e, caso o crescimento se mantenha, ficar “acima de R$ 600,00 no fim de 2011”. Ela defendeu o critério atual de reajuste – baseado na inflação mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores – e afirmou que o governo já estuda meios de compensar a pequena correção prevista para este ano. Isso porque a economia não cresceu em 2009, ou seja, o aumento levaria em conta somente a inflação do período. “O Brasil teve uma recuperação muito forte, então estamos avaliando se é possível fazer essa compensação”, afirmou Dilma.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu o critério atual de reajuste e criticou a proposta do ex-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, de elevar o salário mínimo para R$ 600,00 neste ano. “O povo não é mais massa de manobra. O povo sabe o que é política séria e o que é promessa. A Dilma se elegeu sem precisar fazer promessa fácil”, disse.
CENTRAIS – A CUT e demais centrais sindicais já se organizam para debater o valor do mínimo para 2011 e definir, junto ao governo, uma política permanente de reajuste do piso nacional. A primeira reunião aconteceu na quinta-feira, 4/11, com o relator da Comissão Mista de Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF).
Em nota, o presidente da CUT, Artur Henrique, destacou que a abertura de negociações entre o atual governo, a equipe de transição e as centrais sindicais em torno do valor do salário mínimo para janeiro de 2011, reafirmada em entrevista pela presidenta eleita Dilma Rousseff, reflete um entendimento surgido logo depois que foi confirmada a queda do PIB de 2009. “Entendemos que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros não são os responsáveis pela crise e, por isso, não deveriam perder a oportunidade de ter aumento real em 2011. Isso não significa, no entanto, que pretendemos rediscutir como um todo a atual política de valorização permanente do salário mínimo. Ao contrário, queremos mantê-la, com as previstas revisões periódicas, até pelo menos 2023, quando está aberta a possibilidade de construção de um novo acordo”.