Lugar de movimentação intensa e com sistema de vigilância deficitário, as agências bancárias são alvos de constantes assaltos. A mira dos bandidos acaba sendo os vigilantes, pois eles possuem porte de arma e são os responsáveis pela segurança dos bancos.
De acordo com a lei 7102/83, todas as instituições financeiras no País só podem funcionar com um sistema de segurança aprovado pelo Ministério da Justiça, incluindo os vigilantes entre os itens obrigatórios. A lei exige que cada agência bancária funcione com, no mínimo, dois vigilantes. No entanto, o Sindicato dos Vigilantes do Ceará alega que várias instituições descumprem essa norma e, várias delas, estão sendo punidas pela Polícia Federal. No Ceará, existem em média 390 agências bancárias, portanto, seriam necessários no mínimo 780 vigilantes.
“O assunto envolve questões de segurança pública e ambiente de violência social, mas centra a fragilidade do problema principalmente na preparação dos profissionais vigilantes, deixando de lado uma série de aspectos relevantes no tocante à questão fundamental que é a proteção da vida. O que os bancos investem na segurança das pessoas que circulam no ambiente bancário, além do mínimo obrigatório em lei?”, questiona o presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes, João Boaventura Santos.
A principal reclamação dos vigilantes que trabalham em bancos é o não cumprimento da cláusula décima da convenção coletiva de trabalho, que lhes garante descanso de 15 minutos sentado, sem, no entanto, afastar-se do posto de trabalho. Segundo eles, na prática, dificilmente o vigilante consegue se ausentar do ambiente de trabalho. Além disso, muitas vezes, eles não têm onde sentar.
Para o diretor do Sindicato dos Vigilantes, Antônio Nunes, “a maioria dos vigilantes de bancos tem medo de represália, principalmente dos gerentes das agências, por isso não denunciam as irregularidades”.
Já o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Marcos Saraiva, afirma que esta questão também é uma preocupação dos bancários e que o Sindicato pressiona os banqueiros a investirem em segurança e cumprirem o determinado pela lei. “Precisamos evoluir muito, já que somos reféns da falta de segurança”, completa ele.