ISOLAMENTO SOCIAL: A VIDA DEVE ESTAR ACIMA DO LUCRO!

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará


Desde o decreto de pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nós, representantes da classe trabalhadora, sobretudo, da categoria bancária, temos nos organizado e lutado pela preservação da vida dos trabalhadores, procurando contribuir para a não disseminação da doença em nosso Estado e em nosso País.


Iniciamos debate com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e acordamos a criação de um comitê de crise durante a pandemia, resguardando os trabalhadores bancários e apreciando e discutindo suas demandas. Com esse comitê, já tivemos grandes vitórias como a maioria dos trabalhadores de grupos de risco em home office, com garantia de salários e direitos previstos na nossa CCT; garantia de emprego no Santander e Itaú durante a pandemia; circular do Banco Central orientando o contingenciamento do atendimento e redução do horário de atendimento nos bancos; decreto presidencial determinando o que é atividade essencial nesse período para a categoria bancária.


Mundialmente, a principal medida orientada pela OMS é o isolamento social. Essa medida tem sido fundamental, em todos os países, para reduzir o risco de contaminação e que também tem sido adotada pela maioria dos governadores dos estados brasileiros. Entretanto, valorizando mais a economia do que a vida humana, o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem defendido o isolamento vertical – isolar apenas idosos e grupos de risco e que as demais pessoas deveriam voltar às suas atividades normais para não causar um colapso na economia. O presidente parece desconhecer que, na maioria dos lares brasileiros isso não seria possível, pois em muitas casas, todos os membros de uma família vivem em poucos metros quadrados e o isolamento vertical poderia agravar ainda mais o quadro de pandemia. Por outro lado, os próprios ministros do governo têm se pautado por critérios técnicos e científicos, que mostram que o isolamento social é a melhor saída para conter a disseminação do vírus.


Contrariando seus próprios ministérios, a presidência chegou, inclusive, a contratar uma empresa publicitária sem licitação por um contrato milionário, para divulgar a Campanha “O Brasil não Pode Parar”, proibida, sensatamente, pela justiça, dias depois. O prefeito de Milão, Giuseppe “Beppe” Sala, chegou a fazer na Itália, uma campanha semelhante na época em que surgiram os primeiros casos na região. Hoje, se diz arrependido por ter ajudado a expor a cidade ao risco da contaminação. Milão tem mais de quatro mil mortes confirmadas, infelizmente.


Para combater o Coronavírus, é necessário colocar a vida acima do lucro, e isso estamos buscando diuturnamente junto aos banqueiros em negociações constantes do comitê de crise, onde já conquistamos importantes vitórias, como a maioria dos trabalhadores em home office, garantia de emprego, sanitarização das agências e atendimento contingenciado de forma a preservar a saúde de todos, entre outras.


A classe trabalhadora não pode correr o risco de agravar esta pandemia voltando a trabalhar e se expondo nas ruas. Os mais vulneráveis não podem pagar a conta da ganância, que coloca o lucro acima da vida humana. O momento é grave e medidas severas, como as que o Governador Camilo Santana tem tomado, serão responsáveis por SALVAR VIDAS da população cearense. Não podemos cair nas armadilhas e no discurso irresponsável de Bolsonaro. O assunto é sério e temos exemplos em outros países do que aconteceu quando minimizaram a seriedade do coronavírus e reduziram as políticas de isolamento. Não é só uma “gripezinha”. Seguiremos na luta em defesa da saúde e da vida da classe trabalhadora.