Isonomia no Setor Bancário (II)

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Não há setor da economia brasileira que tenha auferido lucros excessivos por tanto tempo quanto os bancos – esta é uma realidade batida e rebatida. Sendo esta uma verdade incontestável – o razoável era a imediata reciprocidade com a oferta de serviços de boa qualidade a todos (e não somente a clientes especiais) e boas condições de trabalho e salário aos trabalhadores do sistema financeiro. Sabemos nós que os bancários e a sociedade, em geral, não são tão bem tratados pelos bancos… notadamente os privados. Ressalte-se, por exemplo, a resistência inaceitável à aplicação do Código de Defesa do Consumidor pelos banqueiros. Assim, em nosso País e alhures, há um abismo entre a opulência gananciosa dos banqueiros – de um lado – e a sociedade e os bancários, de outro.

Abstraindo, neste momento, os bancos privados (“sanguessugas do povo brasileiro”) que dispensam caracterização, reflitamos um pouco sobre os bancos públicos. Estes efetivamente desempenham e têm a desempenhar um grande papel de financiador do desenvolvimento nacional. Em boa medida o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e a Caixa Econômica Federal, afastados da ameaça privatizante no Governo Lula, recuperaram parcialmente este papel. Podem fazer mais e pressionaremos neste sentido.

Um destaque corporativo e um recorte na nossa reflexão precisam ser feitos e assumidos. Quem não lembra do período relativamente recente aonde o ingresso em um banco público significava um futuro tranqüilo? Quem não conheceu alguém que abandonou uma faculdade promissora para ser simplesmente bancário como profissão?

Hoje estas lembranças são registro do passado. Quem ingressa em um banco público hoje tem o seu salário inicial extremamente rebaixado, as promoções são ínfimas, as metas e pressões sem limites e as aposentadorias e acesso a outros benefícios extremamente diferenciados dos bancários antigos. Destaque-se, assim, a criação de duas categorias de bancários: os de primeira e segunda classe.

É contra este tratamento discriminatório bastante disseminado que a CONTRAF estabeleceu como prioridade para o ano de 2007 a luta pela ISONOMIA no setor bancário e este assunto é o que será mais precisamente detalhado no próximo editorial.