Itaú e Santander se negam no MTE a negociar emprego e rotatividade

64


Terminou frustrada a audiência de mediação ocorrida na quarta-feira (16/1) no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília, entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o Itaú e o Santander. Os dois bancos privados se negaram a negociar emprego, apesar de milhares de demissões imotivadas e da prática de rotatividade nos últimos anos.


O secretário do Trabalho do MTE, Manoel Messias, frisou a preocupação do ministro com o mercado de trabalho, destacando que o País atravessa um longo ciclo de crescimento com geração de empregos. Ele propôs a formação de uma mesa de negociação do setor bancário, a exemplo de outros setores da economia, mas os bancos não aceitaram. Eles também se recusaram a garantir acesso das informações mensais do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) aos bancários.


“Mais uma vez, o Itaú e o Santander se negaram a negociar emprego, o que mostra que pretendem continuar dispensando funcionários em 2013, como admitiu um dos diretores do Itaú em declarações à imprensa. Essas demissões são injustificadas e, por isso, não aceitamos pagar a conta da pequena redução dos juros e da chamada melhoria da eficiência dos bancos”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


Além de representantes do Itaú e Santander, participou da audiência o negociador da Fenaban, Magnus Apostólico, que na Campanha Nacional dos Bancários de 2012 disse que o tema emprego devia ser discutido banco e banco. “Além de não negociar, eles usam a Fenaban para tentar esconder o descaso com o emprego dos trabalhadores”, critica Cordeiro.


Conforme dados dos balanços, o Itaú cortou 7.831 empregos entre janeiro e setembro do ano passado. Somente no terceiro trimestre de 2012, o banco reduziu 2.090 postos de trabalho. Desde abril de 2011, houve o fechamento de 13.595 vagas, segundo análise do Dieese.


Já o Santander cortou 955 empregos só em dezembro, conforme dados fornecidos pelo banco para a Contraf-CUT, após determinação da procuradora do Ministério Público do Trabalho, Ana Cristina Tostes Ribeiro. Os representantes dos bancos ainda ironizaram, dizendo que o fechamento de quase mil postos de trabalho antes do Natal é muito pouco frente aos 51 mil empregados do Santander.


“Na Espanha, em crise financeira, o Santander acaba de assinar um acordo com os sindicatos sobre o processo de fusão do Banesto, garantindo mecanismos de informação, diálogo e respeito aos direitos dos funcionários, sem medidas traumáticas”, salienta Cordeiro. “No entanto, o banco rechaçou firmar acordo semelhante, alegando que ‘no Brasil as coisas são diferentes’”.


“Os trabalhadores brasileiros não são de segunda categoria, contribuem com 26% do lucro mundial do banco e merecem o mesmo respeito dos trabalhadores espanhóis”, aponta.


A Contraf-CUT cobrou ainda informações sobre os dados de emprego e o índice de rotatividade, mas eles nada informaram. “Os bancos agem com falta de transparência ao negar o direito à informação aos bancários”, protesta Cordeiro.


“Diante dessa recusa ao diálogo do Itaú e do Santander sobre emprego, só resta a nós, bancários, nos mobilizarmos para forçar os bancos a negociar compromissos de emprego, fim da rotatividade, mais contratações reversão das terceirizações e melhores condições de trabalho”, avalia o diretor do Sindicato e funcionário do Itaú, Ribamar Pacheco.


Já o diretor e funcionário do Santander, Eugênio Silva, analisa que nada justifica tantas demissões no setor financeiro, que é um dos mais lucrativos do País. “Precisamos tomar providências urgentes para que práticas absurdas como essa do Santander, com demissões às vésperas do Natal, parem de existir no Brasil e uma dessas medidas é nos mobilizarmos para mostrarmos aos banqueiros a nossa força”, reforçou.