Itaú/Unibanco inicia demissões

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Um dia depois de o Banco Central aprovar a união dos bancos Itaú e Unibanco, funcionários receberam um telefonema gravado pelo presidente do banco, Roberto Setubal. Na mensagem, ele comunicava que a fusão estava começando e conclamava todos a colaborar. Na sede do Unibanco, balões azuis e laranja, as cores do Itaú, foram colocados em todos os andares para comemorar a união com o antigo rival.


O que a mensagem otimista e os balões festivos não deixavam transparecer é que também tinha início o processo de ajustes na estrutura de funcionários do novo banco. Decisões já estavam tomadas, mas a execução aguardava o aval do BC para a transação.


Os cortes começaram por áreas onde os salários são mais altos e a sobreposição de equipes, maior: as corretoras de valores e os bancos de investimento e atacado. Esses segmentos foram duramente atingidos pela queda de atividade no mercado de ações e de dívida e demandariam um enxugamento natural, que foi aprofundado devido à duplicidade de estruturas.


Nessas áreas, houve uma clara predominância das equipes originárias do Itaú BBA, em detrimento do Unibanco. O Itaú BBA confirmou, em nota, “aproximadamente” 100 demissões, entre banco de investimento e corretora. Mas a nota não esclarece se os números incluem o Unibanco.


Mas a maior incógnita são as demissões potenciais na área de varejo dos dois bancos. No total, o Itaú/Unibanco tem cerca de 105 mil funcionários (números de setembro) e a maior parte deles na operação de varejo. Nos últimos anos, os dois bancos só aumentaram o quadro de funcionários, mas o cenário agora não é mais de crescimento.


Os trabalhadores não podem pagar a conta desse processo com seus empregos. Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará e representante da Fetec/NE na COE Itaú, Ribamar Pacheco, “é inadmissível que os trabalhadores paguem a conta desse processo com seus empregos. A fusão dos bancos Itaú/Unibanco não deve beneficiar somente os banqueiros, seus acionistas e clientes, mas também os funcionários. Vamos cobrar isso do banco”, disse.