José de Moura Beleza é anistiado por comissão que repara erros da ditadura

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A Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julgou dia 6/4 na Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), os primeiros pedidos de indenização para anistiados políticos neste ano. Os processos do ex-presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, José de Moura Beleza (pós-mortem), Luiza Vasconcelos Camurça e Simone Simões Ferreira Soares foram aprovados por unanimidade no valor máximo de R$ 30 mil. Os três foram presos e torturados durante a ditadura militar. Moura Beleza foi preso na Ilha de Fernando de Noronha pela ditadura.


Mário Albuquerque, presidente da Comissão de Anistia, que também foi preso político, explica que a Comissão trabalha na dimensão da memória, com intuito de que os crimes que ocorreram no passado se tornem de conhecimento público e não sejam apagados pelo tempo.


“É preciso que as pessoas não esqueçam que esse Estado democrático de direito que vivemos hoje se deve muito a essas pes-soas, que pagaram um preço muito alto, com prisão e tortura. É uma forma de a sociedade reconhecer a importância dessas pessoas. E também para sinalizar para o futuro que o Estado não é conivente com essas práticas, para que a gente possa, cada vez mais, fortalecer o estado democrático no País”, salienta. Nestes 11 anos, a Comissão recebeu 480 pedidos, analisou e deferiu 228, pagando cerca de R$ 5,5 milhões aos anistiados políticos.


José de Moura Beleza – O bancário foi o primeiro candidato a prefeito pelas forças populares no Ceará, em 1962. Concorreu, na época, contra o general Murilo Borges e perdeu, em uma eleição possivelmente fraudada. Foi cassado quando era presidente do Sindicato dos Bancários e passou muito tempo preso em Fernando de Noronha, o que acarretou graves consequências em sua vida. A partir de então, Moura Beleza nunca mais conseguiu reconstruir sua vida política.


Moura Beleza nasceu em Limeira (PI) e assumiu o cargo de escriturário do Banco do Brasil através de concurso público, em 1942. Foi presidente do Sindicato por sete anos e nunca faltou um dia sequer ao banco, pois na época, as faltas em atuação sindical eram descontadas como férias ou licença prêmio. Após atuar como importante liderança sindical no Ceará, Moura Beleza foi demitido do banco pelo governo federal, através de um decreto presidencial.


Aglutinador de massas, exímio orador e sindicalista íntegro fazem parte da representação desse líder sindical, que permaneceu envolto sob o manto de respeitabilidade. Hoje, ele batiza a atual sede do Sindicato dos Bancários do Ceará.