O professor e jornalista Bernardo Kucinski analisa as medidas do governo brasileiro e seus impactos na política e na economia para a edição de junho da Revista do Brasil, que chega às bancas esta semana. Para Kucinski, a crise internacional pegou a economia brasileira em um de seus melhores momentos. O governo brasileiro reagiu rápido e pela primeira vez atacou a voracidade dos juros.
Os primeiros efeitos da crise entre nós foram a disparada do dólar e o sumiço súbito do crédito. O governo agiu, corretamente, para estancar a disparada da moeda americana. Para segurar o dólar, o Banco Central sacou das reservas internacionais e entrou vendendo a moeda americana. Para desarmar qualquer risco de uma corrida aos pequenos bancos, anunciou a ampliação da garantia de depósitos e aplicações para até R$ 20 milhões para instituições menores em dificuldades de liquidez. No mercado interno, tomou medidas que foram do estímulo ao crédito à redução de impostos.
Enquanto a maioria dos jornalistas “especializados” alimentava o pânico com uma visão pessimista do futuro, as medidas de reação e as análises mais sóbrias sobre elas aconteciam sem alarde. Após a queda de 3,6% no PIB do último trimestre de 2008, Lula radicalizou. Fez da crise uma oportunidade para deflagrar mudanças estruturais há muito desejadas pelos setores mais esclarecidos da sociedade. Os bancos privados continuavam a não emprestar? Que entrem em cena os grandes bancos estatais. Mais uma vez se mostrou a importância de terem sido estancadas as privatizações promovidas pelo tucanato no setor bancário. BB, Banco do Nordeste, Caixa e BNDES ativaram o crédito que os privados negavam.
O BNDES já tinha atingido o limite de empréstimos em relação ao seu capital? Aumente-se o capital do BNDES. O presidente do BB não entendeu a situação? Troque-se o presidente do BB. Mais importante foi o ultimato ao BC de Henrique Meirelles, que havia cometido o desatino de elevar ainda mais os juros em plena crise, de 13% para 13,75%. A partir de janeiro, foram cortados 3,5 pontos e a Selic chegou a 10,25%. Outra frente em que Lula radicalizou foi na busca da unidade dos governos sul-americanos. Principalmente para desarmar as tentativas de guerra comercial que sempre acontecem em momentos de desespero econômico.
O plano de construção de um milhão de moradias populares fortemente subsidiadas é mais uma cartada dessa radicalização. Por isso mesmo, governadores e prefeitos demos e tucanos relutam em aderir. Lula cresceu com a crise. A oposição encolheu. O País enfrenta uma encruzilhada, ou radicaliza ou regride.
A análise completa de Bernardo Kucinski está na edição de junho da Revista do Brasil, que estará nas bancas de todo o País ou no site http://www.redebrasilatual.com.br/