Mais um dia de caos no Edifício Sede da Caixa

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Imagine um prédio com cerca de duas mil pessoas trabalhando sem água, com banheiros sem nenhuma condição de uso e sem ar condicionado em salas sem ventilação. Bastou um cano estourado para que esse fosse o cenário de um dia de trabalho no edifício sede da Caixa Econômica Federal, no Centro de Fortaleza, no último dia 25/10.


O Sindicato compareceu ao prédio e convidou todos os empregados a evacuarem o edifício em protesto pelas péssimas condições de trabalho, já denunciadas em várias oportunidades pela entidade. Após percorrer andar por andar, esclarecendo a situação e os riscos a que os empregados estavam sujeitos, o Sindicato realizou uma manifestação em frente ao prédio, mostrando à população a situação de caos porque passa o prédio que, inaugurado em 1988, enfrenta vários problemas de conservação.


A diretora do Sindicato, Elvira Madeira, falou que esse foi o segundo problema semelhante em um mês. “O mínimo de dignidade que um trabalhador pode ter é ir ao banheiro e lavar suas mãos e nós não estamos tendo esse direito. Além disso, estamos enfrentando condições de trabalho completamente insalubres”, comenta.


Clécio Morse, também diretor do Sindicato, lembrou que há um termo de ajuste de conduta, emitido pela Procuradoria Regional do Trabalho, para que a Caixa procure sanar as pendências existentes no Edifício Sede e proporcionar aos empregados condições de trabalho decentes. “Em maio último, nós estivemos aqui com a Procuradoria, a Superintendência Regional do Trabalho, engenheiros, representantes da CIPA e constatamos vários problemas. E essa inspeção ocorreu devido às inúmeras denúncias de condições de trabalho insuportáveis que chegavam para nós do Sindicato. Entretanto, parece que pouco foi feito para melhorar a situação”, disse.


Queixas frequentes – O sistema de combate a incêndio totalmente desativado, a central de ar com tecnologia ultrapassada, infiltrações, splits entupidos e maus odores nos banheiros. Essas situações são queixas rotineiras dos empregados do Edifício Sede da Caixa.


Os diretores do Sindicato alertaram também sobre a questão da segurança, pois sem água, além da central de ar não funcionar, o sistema de combate a incêndio, que também já é precário, não tem como funcionar. “Nós sabemos que incêndios não acontecem todo dia, mas se qualquer faísca acontecer, não há um sistema de combate para proteger os empregados. O Corpo de Bombeiros já alertou que o Centro de Fortaleza é uma área crítica e não é concebível que uma empresa do porte da Caixa se isente dessa responsabilidade”, analisou o presidente do Sindicato, Carlos Eduardo Bezerra.


No dia seguinte, 26/10, o sistema de água e de ar condicionado estava funcionando plenamente. Entretanto, o Sindicato dos Bancários cobra que o banco não se limite às medidas paliativas e que procure sanar de forma definitiva os inúmeros problemas do Edifício Sede. “Queremos que a Caixa cumpra, pelo menos, o termo de ajuste de conduta que já existe e que respeite os seus empregados. E respeito significa também proporcionar, no mínimo, condições de trabalho dignas”, finaliza Elvira.


“O Sindicato permanecerá atento com relação à situação dos empregados da Caixa, principalmente do Edifício Sede e vamos continuar firmes e intransigentes na defesa da segurança dos trabalhadores”, conclui Clécio.