A Agência Carta Maior não pode fechar. Isto não pode acontecer pelo simples fato de que seria um golpe de morte para a democratização da informação no Brasil. É preciso que todas as forças democráticas deste País compreendam que informação é o alicerce sobre o qual se constrói uma sociedade livre e desenvolvida sob o ponto de vista ambiental, econômico e social.
O Brasil não conseguirá superar seu subdesenvolvimento sem uma séria política de Estado para o financiamento à informação. Hoje a decisão do que o povo brasileiro deve ou não saber está nas mãos das agências de publicidade, que não têm interesse em fazer um juízo de valor sobre conteúdos.
Veículos como a Carta Maior são fundamentais, mas não conseguem sobreviver por falta de dinheiro. Não fortunas como as necessárias para manter a Veja ou a Globo, mas recursos muito menores, capazes de pagar salários e manter no ar uma agência jornalística de qualidade inquestionável e fundamental para a construção de muitas outras mídias comprometidas com a democracia e a sustentabilidade.
Se nós, como sociedade, permitirmos que a Carta Maior sucumba pelo simples fato de não fazer parte do jogo de compra e venda de público que rege o mercado publicitário, estamos assumindo nossa incapacidade de discutir outros modelos.
Solidariedade – A história se repete. As mídias de resistência democrática dos anos 60 e 70 sucumbiram à incapacidade da sociedade brasileira sustentá-las. O jornalista Aloysio Biondi viu seu projeto de jornalismo comprometido com o desenvolvimento e a ética sucumbir por falta de apoio. Não se pode deixar que um projeto como o da Carta Maior siga para o esquecimento.
Está mais do que na hora de reunir jornalistas, publicitários, governo e sociedade para debater modelos de financiamento à informação no Brasil. Hoje, quando uma mídia dita alternativa consegue algum recurso é quase uma filantropia. Isto não é sustentável.
É preciso compreender que estas mídias têm um papel determinante na oferta de alternativas para a sociedade. Estamos em um momento de quebra de paradigmas e, para isto, precisamos de todos os canais de conhecimento disponíveis.