Ministério Público investiga problemas no processo de seleção interna da Caixa

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A Contraf-CUT e a Fenae participaram de audiência no dia 10/8, na 10ª Procuradoria Regional do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, em Brasília, para apurar problemas no Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC) para formação de banco de habilitados. A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Bancários de Brasília. Irregularidades no PSIC também foram denunciadas recentemente pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, que deve levar o debate à mesa permanente de negociação com a Caixa.


No caso de Brasília, a aplicação das provas da sistemática aconteceu em abril deste ano e foram apontadas várias falhas pelos empregados, como questões erradas e mal redigidas, dificuldades na visualização dos testes, conteúdo diferente do solicitado nos editais, falta de transparência e não permissão de recursos e de acesso aos resultados individuais.


A principal reivindicação do movimento dos empregados da Caixa é que os empregados não habilitados não sejam prejudicados pelas falhas cometidas pela Caixa. Hoje, os trabalhadores que não estão no banco de habilitados ficam impedidos de participar dos PSICs.


A falta de transparência no processo tem sido uma das principais críticas das representações dos trabalhadores, fato denunciado também aqui no Ceará. Para sugerir melhorias no PSIC, a Contraf-CUT e a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) reivindicaram a criação de um comitê paritário, mas o banco recusou a solicitação.


O Ministério Público do Trabalho agendou uma nova audiência para o dia 27/8. Na oportunidade, a Caixa deverá se manifestar sobre a possibilidade de ser fornecido o espelho e gabarito da prova, bem como da interposição de recurso. Também deverá apresentar solução quanto a forma de realização da prova, possibilitando aos candidatos as mesmas condições e efetiva fiscalização.


Ceará – Após receber denúncias sobre a ocorrência de fraudes no PSIC em Fortaleza, o Sindicato dos Bancários do Ceará se reuniu com os empregados do banco e confirmou a indignação da categoria quanto a falta de lisura e transparência no processo.


Segundo relatos dos empregados, há problemas até na divulgação do processo e na própria execução do PSIC, pois o conteúdo objetivo, como provas escritas e capacitação apresentada acabam ficando em segundo plano, levando vantagem o que é analisado nas entrevistas. Ou seja, o caráter subjetivo vale mais que o objetivo na seleção. Os casos relatados envolvem setores importantes da Caixa, como a Gerência Executiva de Habitação (GIHAB/FO), responsável, inclusive, pelo programa Minha Casa Minha Vida.


Diante das denúncias, os diretores do Sindicato e da Apcef/CE, Marcos Saraiva, Áureo Júnior, Rochael Almeida, Túlio Menezes e Jefferson Tramontini estiveram no último dia 16/7 na GIHAB para conversar com os empregados sobre o processo. A partir dos debates, o Sindicato deve encaminhar à direção da Caixa um documento cobrando a anulação do processo e a realização de uma nova seleção dando amplo conhecimento para todos os interessados.


“Ao que tudo indica, o processo mudou de nome, mas as práticas continuam as mesmas: sendo manipulado para privilegiar alguns, obedecendo a interesses pessoais. O que nós queremos é um processo seletivo transparente, sem manipulação ou apadrinhamento e é isso que estamos cobrando do banco”, explica Áureo Júnior, presidente da Apcef/CE.


Acompanhamento – Em nível nacional, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) reivindica a criação de um comitê de acompanhamento para discutir melhorias no PSIC. O motivo são as inúmeras denúncias sobre problemas na aplicação das provas para vagas de assistente e consultor. Por isso, a revisão do PSIC, que era uma necessidade, tornou-se uma demanda urgente.“É inadmissível que a Caixa permita que situações desse tipo venham a prejudicar a lisura, a equidade e a qualidade dos seus processos seletivos internos”, afirma o diretor do Sindicato, Marcos Saraiva.


“É lamentável que o banco mantenha a postura arrogante e intransigente de não reconhecer os problemas ocorridos. É preciso eliminar o clima de incertezas que permeia o processo seletivo”
Marcos Saraiva, diretor do SEEB/CE e membro da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa)