?Mulheres vivem momento especial?, diz Marta Suplicy

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Para a senadora Marta Suplicy (PT/SP), as brasileiras vivem hoje um momento tão especial quanto foi, na época, a conquista do voto feminino. Primeira mulher senadora eleita por São Paulo, Marta também atribui a esse momento “especialíssimo” a chegada de Dilma Rousseff à Presidência da República. “A eleição de Dilma abriu uma porta e ela tem sensibilidade para perceber isso, que existem caminhos a serem trilhados”, disse a senadora, convidada especial do Sindicato dos Bancários de São Paulo, no Momento Bancário, dia 14/3.


Em apenas 21 dias após a posse de Dilma, lembrou Marta, várias mulheres chegaram a cargos nunca antes ocupados pelo sexo feminino. “Hoje temos mulheres nas vice-presidências da Câmara e do Senado e nove ministras, quando o máximo a que tínhamos chegado era quatro. Além de uma chefa de polícia no Rio”, citou.


FALTA MUITO – Apesar disso, admitiu, as mulheres ainda não estão inseridas na política como deveriam. “Não chegamos a 10% na Câmara, e no Senado, de um total de 81 parlamentares, somos apenas 12”. Ela aponta o sistema de cotas, que destina 30% das vagas de candidatos às mulheres, como um caminho, apesar de não ser implementado como deveria. “Os partidos não respeitam e as campanhas femininas não têm recursos porque se prefere apostar em candidatos homens”.


Marta também traçou um triste quadro da violência contra mulheres no Brasil. Ela citou dados de estudo do Senado segundo o qual dez mulheres são assassinadas todos os dias no país e 70% desses crimes são cometidos pelos parceiros; além disso, 63% das agredidas têm medo de denunciar. “Muitas vezes as mulheres não denunciam porque não têm para onde ir. É preciso criar condições para que elas tenham mais autonomia, como projetos de crédito para mulheres, mais creches e construção de casas abrigo”.

MUDANÇA – A mulher pode fazer muita diferença na política, disse Marta, porque ela pensa diferente do homem. “As mulheres historicamente se ocuparam dos filhos, dos idosos, dos doentes, dos deficientes e isso, ao mesmo tempo que afastou um pouco as mulheres da política, também nos deu uma sensibilidade diferente que pode contribuir para uma nova forma de fazer política. Só temos a ganhar com a pluralidade”, concluiu.