Negociações específicas com a Caixa começam com sinais claros de retrocessos

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Realizada na quarta-feira (17/8), em Brasília (DF), a primeira rodada de negociação específica da Campanha Nacional Unificada 2016 na Caixa Econômica Federal foi marcada por sinais claros de retrocessos, com ameaças a muitos direitos conquistados. A reunião foi agendada para discutir a renovação do acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), seguida de debate sobre a pauta específica, mas até em relação a isto não houve o registro de avanço. Os interlocutores do banco afirmaram que as reestruturações no banco estão suspensas.


No início da reunião, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora o Comando Nacional dos Bancários durante a Campanha Nacional Unificada 2016, reafirmou a defesa da Caixa 100% pública, para que a empresa continue a cumprir o seu papel social.


A representação nacional dos empregados manifestou ainda preocupação com a exposição dos tesoureiros, que, mesmo responsáveis pelo numerário das unidades, estão sendo obrigados a atender ao público, enquanto os técnicos bancários fazem conferência de assinatura. Foi solicitado também o fim do caixa-minuto e o retorno da função de caixa. Todas essas reivindicações, porém, foram ignoradas. Houve ainda silêncio perante itens como Funcef e Saúde Caixa.


Nova reunião será realizada na quarta-feira, dia 24/8, em São Paulo, quando começará a ser discutida a pauta específica da Caixa relativa à Campanha Nacional Unificada 2016.


Sem contratações – O número insuficiente de empregados vai continuar, já que a Caixa confirmou que não há perspectivas para contratações de mais empregados, a não ser as determinadas pela Justiça, informando ainda que será feita uma “equalização da força de trabalho” para suprir eventuais carência de pessoal. A situação tende a agravar-se, já que houve redução de 2.235 postos de trabalho em um ano, sendo que em três meses de 2016 o banco cortou 1.304 empregos através do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), reduzindo assim o número de empregados para 95,7 mil. O movimento nacional dos empregados contesta essa postura da Caixa, uma vez que a empresa incentiva os empregados à aposentadoria e não repõe com novas contratações.


Sipon – A representação nacional dos empregados lembrou que não existe acordo para banco de horas, cobrou implantação imediata do login único no Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) e inquiriu a empresa a evitar a criação de horas extras negativas. O compromisso assumido anteriormente de que a partir de janeiro de 2017 teria início o sistema seguro de login único ficou inviabilizado diante da informação dada pela Caixa, na primeira rodada específica, de que a implantação imediata não vai se realizar na data prevista, dado que apenas em janeiro do próximo ano começam os estudos para o mecanismo ser desenvolvido.

GT Funcef – Apesar de cobrada pela CEE/Caixa, o banco não posicionou-se sobre a retomada imediata da formação do GT Funcef, uma conquista da Campanha Nacional Unificada de 2014. O processo continua suspenso sem qualquer explicação plausível. Os temas que precisam ser tratados nesse GT são contencioso judicial, voto de Minerva, incorporação do REB ao Novo Plano, reformulação do Comitê de Investimentos, política de investimentos, consulta direta aos participantes, Fundo de Acumulação de Benefício (FAB) e Fundo de Revisão de Benefícios (FRB). Esses assuntos, é bom deixar claro, interessam diretamente aos participantes.


Saúde Caixa – A Caixa não manifesta nenhum interesse em resolver o problema da destinação do superávit do plano. Os empregados que participam do GT Saúde Caixa já apresentaram uma proposta, mas nada de solução. Há consenso em torno de três medidas para utilizar parte do superávit: redução de 20% para 15% da participação dos empregados, inclusão de remoção por ambulâncias como um dos serviços a serem prestados e implementação de um programa de qualidade de vida. O problema dos reembolsos também foram ignorados pela Caixa, o que caracteriza um descaso sem tamanho.


“Uma de nossas principais reivindicações é a contratação de mais empregados. Apenas neste ano saíram cerca de 2 mil bancários por meio do PAA, sem que houvesse reposição. Também cobramos o fim do caixa minuto, revogação da medida que estabelece a extinção da função de caixa, manutenção do normativo que garante a incorporação de função, mais respeito aos tesoureiros que estão tendo de atender ao público. Tudo foi ignorado”
Marcos Saraiva, representante da Fetrafi/NE na CEE/Caixa