Novas tecnologias ameaçam a categoria, mas surgem novas formas de resistência

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Os impactos das novas tecnologias na vida dos bancários e como os trabalhadores devem se preparar para resistir e criar novas formas de luta foram temas debatidos, dia 4/2, no Sindicato dos Bancários do Ceará, através do Projeto Atualizando, idealizado pela Secretaria de Formação do SEEB/CE.


As convidadas foram: Regina Coeli Moreira, doutora em Ciência Política, assessora do Dieese e da Contraf-CUT sobre “Novas Tecnologias no Mundo do Trabalho e Seus Impactos”; e Flávia Souza Máximo Pereira, doutora em Direito do Trabalho sobre “Para Além da greve: Novas Formas de Luta Política dos Trabalhadores”.


Segundo a dra. Regina Coeli, o setor financeiro investe initerruptamente em novas tecnologias especialmente visando redução dos custos, retirando os clientes da agência, se não der negócios. São estimulados o autoatendimento e o atendimento via celular. Reduz o emprego bancário, aumenta o trabalho, põe fim à jornada de 6 horas e traz adoecimento.


Além disso, as funções tradicionais do bancário, como escriturário e caixa serão eliminadas pela tecnologia. Agora surgem novas habilidades, novas competências, em novas funções, que exigem mais qualificação, sem remuneração proporcional. Já o cliente paga para ser atendido, pois vai precisar de um celular bom e um pacote de internet adequado.


Novas formas de luta – Para a dra. Flávia Sousa, as novas formas de luta são no sentido de expandir a eficácia do direito de greve. Hoje só suspender ou deixar de trabalhar, em algumas categorias, como é a bancária, não é mais eficaz. É preciso desenvolver outras estratégias de luta que sejam mais profícuas. Através de pesquisa, surgiu a proposta de greve que não envolva só a suspensão do trabalho, mas greves que em se trabalhe em ritmo lento ou até greves virtuais, onde os sites dos bancos fiquem lentos. “As formas de manifestação da insatisfação do trabalhador também evoluíram, abrindo um leque de possibilidades de o trabalhador exercer o seu direito de greve”, lembrando que o objetivo é reconhecer o direito de greve e não apenas uma liberdade de luta.


Bancos comandam as reformas

“O capital financeiro domina o mundo, impondo sua lógica perversa de lucro a qualquer custo e a curto prazo e comanda as reformas da Previdência e trabalhista, para aumentar a venda de previdência privada pelos bancos, implantar o contrato de trabalho temporário e a prevalência do negociado sobre o legislado, com o fim de reduzir custos” – Dra. Regina Coeli, assessora do Diesse e Contraf-CUT.

“Os temas debatidos mostraram para a categoria que os tempos são de ameaças aos direitos dos trabalhadores e que precisamos nos preparar para esses desafios. Cada vez mais, nossas palavras de ordem são Resistir e Lutar”
Gabriel Rochinha, secretário de Formação do Sindicato