Novos desafios para o planeta

66

No dia 05 de junho, a ONU consagra como “Dia Internacional do Meio Ambiente”, o mundo inteiro promoveu uma série de discussões e eventos que durarão toda esta semana. De fato, os problemas ambientais se agravam. Hoje, não há quem não se assuste com a frequência e a intensidade de inundações e secas, assim como, em algumas regiões do mundo, terremotos e furacões ganham fúria nunca vistos.


Infelizmente, os dados revelam que, exatamente no dia 23 de setembro de 2008, a Terra ultrapassou em 30% sua capacidade de reposição dos recursos necessários para as demandas humanas. Neste momento atual, precisamos de mais de uma Terra para atender à nossa subsistência. Como garantir ainda a sustentabilidade da Terra, já que esta é a premissa para resolver as demais crises: a social, a alimentar, a energética e a climática? Agora, não temos uma “arca de Noé” que salve alguns e deixe perecer a todos os demais. Como asseverou recentemente, com muita propriedade, o Secretário Geral desta casa, Ban Ki-Moon: ´não podemos deixar que o urgente comprometa o essencial´. O urgente é resolver o caos econômico, mas o essencial é garantir a vitalidade e a integridade da Terra. É importante superar a crise financeira, mas o imprescindível e essencial é como vamos salvar a Casa Comum e a humanidade que é parte dela. Esta foi a razão pela qual a ONU adotou a resolução sobre o Dia internacional da Mãe Terra (International Mother Earth Day) a ser celebrado no dia 22 de abril de cada ano. Dado o agravamento da situação ambiental da Terra, especialmente o aquecimento global, temos de atuar juntos e rápido. Caso contrário, há o risco de que a Terra possa continuar, mas sem nós” (discurso na ONU – abril de 2009).


Infelizmente, governos e instituições internacionais continuam insistindo no modelo capitalista depredador. Somente o governo americano destinou este ano mais de US$ 4 trilhões a salvar bancos e multinacionais irresponsáveis que perderam dinheiro no cassino financeiro da imprevisibilidade. Este dinheiro do povo, dado aos ricos, “é um valor 40 vezes maior do que os recursos destinados a combater as mudanças climáticas no mundo e a pobreza”.


O próprio governo brasileiro advoga que, contra a crise econômica que assola o planeta e também atinge o Brasil, a solução será consumir e comprar, porque isso gera empregos e receitas. As conseqüências ecológicas desta escolha não se colocam. Menos ainda o a questão ética fundamental. Quantos brasileiros podem viver esta febre do consumo? O PNUD do ano passado confirma: 20% das pessoas mais ricas absorvem 82% das riquezas mundiais, enquanto 20% dos mais pobres têm de se contentar apenas com 1, 6% desta riqueza que deveria ser comum. Uma ínfima minoria monopoliza o consumo e controla os processos econômicos que implicam na devastação da natureza e em uma imensa injustiça social.


Para quem vive uma busca espiritual, o cuidado amoroso com a Mãe Terra, com a água e com todo ser vivo fazem parte do testemunho que Deus é amor, está presente e atuante no universo. Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo. Faça sua parte.

Marcelo Barros – Monge beneditino e escritor