
Aquilo que os jornais tratam como um episódio de menor importância é parte de uma pauta que espera há anos por mais atenção da imprensa. As portas giratórias à entrada das agências bancárias e a presença de guardas armados perto dos clientes são um resquício de estratégias equivocadas usadas na década de 1980 para combater um surto de assaltos a bancos.
Em vez de proteger os clientes, as instituições financeiras tratam de resguardar seu próprio patrimônio, mantendo os cidadãos sob o risco de incidentes como o que ocorreu na quinta-feira dia 6/5, em São Paulo.
MOVIMENTOS BRUSCOS – Conforme lembra o Estadão, já houve algumas tentativas de autoridades municipais de proibir a instalação das portas giratórias, que tanto constrangimento provocam para a maioria das pessoas que se dirigem às agências; mas há uma lei federal, de 1983, que obriga os bancos a manterem sistemas de segurança.
No recente processo de aquisição do Unibanco pelo Itaú, um dos problemas a serem resolvidos é o desconforto dos clientes do Unibanco, que estavam habituados a um tratamento mais pessoal e agora são obrigados a conviver com guardas armados cuja qualificação ou equilíbrio psicológico é mera suposição. Ou, para ser mais exato, os guardas são certamente qualificados para atirar com precisão, a julgar pelos ferimentos mortais provocados nos dois clientes do Bradesco.
Sabe-se que os bancos são anunciantes poderosos e importantes fontes de socorro para as empresas de comunicação, muitas das quais andaram recentemente dependentes de empréstimos. Mas o interesse da sociedade merece mais do que uma reportagem incidental e uma nota curta para tratar de um episódio que reflete o desrespeito com que os cidadãos são recebidos nas agências bancárias.
O cidadão é tratado como suspeito, e, se fizer um movimento brusco, além de ser alvejado pelos juros escorchantes, pode levar tiro de verdade.