O que é melhor: buscar o sonho ou a estabilidade?

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Entre o sonho de seguir carreira e a oportunidade de obter estabilidade numa empresa pública. Esse é o dilema de muitos jovens recém-formados ou prestes a se formar. Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ter um curso universitário não é mais sinônimo de sucesso e estabilidade na profissão. A saída para quem procura bons salários, estabilidade e conforto está, muitas vezes, nos cargos públicos.


Durante o governo Lula, houve um aumento significativo no número de funcionários públicos, passando de 912.192 no último ano do governo FHC para 1.118.360 no ano de 2007. Esse número representa um crescimento de 22,6% na junção dos três poderes.


A esperança de ter uma vida confortável fez com que o estudante Rafael Martins adiasse o sonho de ser arquiteto. “Não abri mão da minha realização profissional, mas neste momento quero ter estabilidade e ganhar bem”. Rafael trancou o curso de Ciências Econômicas na UFC para se dedicar exclusivamente aos concursos. Há dois anos estudando, ele já foi aprovado em dois processos seletivos e está esperando a convocação.


Passar e ficar bem colocado nem sempre significa tomar posse, pois a maioria dos editais é para formação de cadastro de reserva. Sobre os atrativos do setor público, o economista da Fundação Getúlio Vargas, Nelson Marconi, ressalta que “o setor público, pela primeira vez em décadas, tornou-se mais desejado do que o privado. Essa preferência é um marco na história dos empregos no Brasil e no perfil da força de trabalho”.


A instabilidade do setor privado mudou o rumo da vida de muita gente. Foi o que aconteceu com o jornalista Humberto Ilo, que abandonou a profissão para trabalhar numa área completamente diferente da sua formação. Ele comenta, no entanto, que ao se fazer essa escolha é importante priorizar algo que lhe dê satisfação. “Receber seu salário depois de um mês de insatisfação no trabalho está longe de ser um sonho realizado. Vale a pena atuar numa área pela qual se veja interessado ou com a qual se tenha alguma afinidade, mesmo sem relação direta com sua formação. Há ainda a situação ideal de ser aprovado num concurso para sua área”, complementa.

Mercado dos cursinhos vira moda no Ceará

No estado cearense, o sonho da estabilidade financeira aumenta ainda mais o número de quem estuda para concursos públicos. Muitos estão atentos a cada edital liberado, a cada concurso autorizado. Em bancas de jornal, a procura por publicações de concursos é alta. Em busca de apostilas e acompanhamento por profissionais da área, alguns optam por cursos preparatórios. Segundo a Junta Comercial, de 2007 até julho/08 foram registrados 20 cursos preparatórios no Ceará.


De acordo com o coordenador do Curso Athenas, Mário Holanda, isolar-se de amigos e familiares são alguns dos sacrifícios feitos pelos candidatos, uma vez que precisam reservar um horário para os estudos. Mário Holanda afirma que dedicar 4h diárias para o estudo é o ideal.


Além de ser coordenador do curso, Mário Holanda já foi candidato a concursos. O esforço compensou: ele obteve êxito em cinco concursos. Há 12 anos atua no Ministério do Trabalho no Estado. Sobre a contraposição vocação-estabilidade financeira, ele ressalta: “dá para conciliar. Você não precisa abandonar seus projetos”, finaliza.