Onze gerências do FGTS, incluindo a de Fortaleza, serão fechadas

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Decisão preocupa os empregados da Caixa Econômica Federal, porque coincide com o interesse dos bancos privados pelo fim do monopólio da Caixa na gestão do FGTS. O governo federal decidiu fechar 11 das 16 Gerências de Filiais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (Gifug) – a decisão vai atingir cerca de 1,2 mil servidores da Caixa Econômica Federal no País e pode impactar no atendimento. No Ceará vão ser atingidos 52 trabalhadores ligados à Gifug, com perda de função ou transferência.


As filiais do Norte e Nordeste brasileiro serão extintas até março do próximo ano e os bancários que trabalham diretamente com o FGTS podem ser realocados ou ingressar no plano de demissão voluntária.


Atualmente, de acordo com o Comitê Nacional em defesa das empresas públicas, 66% do mercado imobiliário pertence à Caixa, sendo reforçado com o uso do FGTS para financiamentos. Os empregados relatam a preocupação com o fechamento das filiais e alegam não existirem argumentos que justifiquem a proposta de enxugamento do quadro de pessoal, porque a Caixa encerrou o trimestre passado com um lucro líquido de R$ 1,5 bilhão, um aumento de 81,8% em relação ao mesmo período do ano passado.


Serão fechadas as unidades: de Recife (PE) responsável ainda por Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas; de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campinas (SP), Bauru (SP), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Manaus (AM) e Porto Alegre (RS). As únicas filiais que permanecerão abertas serão as de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Florianópolis (SC).


O temor é de que a administração do FGTS seja retirada da Caixa e repartida para outros bancos, que não teriam o mesmo compromisso de investir em saneamento e habitação popular, por exemplo. A Caixa tem o monopólio do FGTS desde 1992 e os bancos privados estão de olho no saldo de R$ 505,8 bilhões. Se o monopólio acabar, outros bancos privados podem ter acesso ao saldo de recursos descontado mensalmente no salário do trabalhador com carteira assinada.


A resposta da Caixa – A Caixa informou, “que eventuais mudanças organizacionais são estratégicas e não terão impacto na atuação do banco nos municípios. A Caixa garante a continuidade dos negócios com todas as prefeituras com que tem relacionamento institucional e reforça o seu papel de parceira estratégica do governo federal. A reestruturação interna prevê a modernização de processos, centralização de atividades e melhoria da qualidade de atendimento”.


“Esse desmonte da Caixa trará como consequência a diminuição do seu papel no desenvolvimento econômico e social do País e quem perde é o povo brasileiro, especialmente os mais pobres. Com esse desmonte, diminuem agências, diminui pessoal, haverá aumento das filas e piora do atendimento à população”
Túlio Menezes, diretor do Sindicato e empregado da Caixa