PERSPECTIVAS PARA 2006

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O movimento sindical no Brasil vem passando por mudanças e, conseqüentemente, por diversas oportunidades, tendo em vista a atual conjuntura política. O ano de 2005 foi positivo. O entendimento dos resultados alcançados, o debate sobre eles e o que poderemos vir a alcançar estão dentro de um contexto amplo e não apenas relacionados à demanda. Em 2006, muita coisa estará em jogo e não podemos correr o risco do retorno do bloco liberal-conservador. Precisamos estar sintonizados para podermos, como movimento sindical, contribuir para a manutenção de um governo democrático e popular, na medida em que evitamos o jogo da direita, sem perder de vista as lutas específicas da categoria.

(Marcos Saraiva – Presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará)


O ano de 2006 será muito importante do ponto de vista eleitoral, pois estarão em disputa dois diferentes projetos: o do atual governo e o do PSDB. O primeiro tem transformado os bancos públicos em grandes instituições de desenvolvimento regional, enquanto o outro promoveu o terrorismo dos planos de demissões e o maior processo de privatização da história do Brasil. O ano de 2006 será, ainda, uma oportunidade para se recuperar a situação salarial dos bancários, que merecem um reajuste maior. Que em 2006 seja garantida a reeleição do presidente Lula e, assim, a continuidade de um projeto político mais justo e humano para o Brasil.

(Nelson Martins Deputado Estadual – PT/CE)


A garra e o compromisso demonstrados pela militância cutista na II Marcha pela recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo, redução da jornada, reajuste da tabela do IR e valorização do serviço público deram o tom do que será 2006: mobilização e pressão por mudanças na política econômica, por manutenção e ampliação de direitos e para garantir a elevação dos recursos para as áreas sociais no Orçamento da União.
Defendemos a redução dos juros e do superávit primário, fazendo com que o crescimento econômico se traduza em maiores e melhores salários e empregos. Sem tapar o ralo do superávit, por onde se esvai uma parcela expressiva da riqueza nacional, o país não conseguirá saldar a imensa dívida social acumulada por anos de neoliberalismo e desmonte do Estado patrocinados pelo tucanato. Com unidade, continuaremos nossa luta pela construção de um Brasil soberano, próspero e justo para todos os seus filhos.

(João Antonio Felício Presidente da CUT Nacional)


O ano de 2005 foi marcado pela unidade das forças que compõem o movimento sindical. O avanço nas conquistas e a manutenção dos direitos foram conseqüências dessa estratégia. Como perspectiva para o próximo ano, vislumbramos que o caminho seja esse. Acredito na intensificação da nossa organização e luta para que juntos possamos transpor os grandes obstáculos que com certeza teremos pela frente. Os embates serão grandes e não se resumirão ao âmbito sindical. Fora a demanda da categoria, teremos eleições gerais. Um momento rico em que teremos que ficar alerta, pois se apresentarão duas forças políticas e da nossa escolha dependerá a continuidade da política de aumento real de salários, afora a manutenção dos bancos públicos. Será, sem dúvida, um ano que irá requerer ainda mais de cada bancário uma maior atuação. Os desafios serão grandes e nossa determinação em superá-los terá que ser proporcional.

(Ribamar Pacheco vice-presidente da Fetec/NE)


Não só como funcionário do Banco do Brasil ou sindicalista, mas como trabalhador, eu entendo que 2006 será um divisor de águas. Nós teremos um ano de muitas lutas, mas acima de tudo um ano de difusão sobre a nossa participação no programa de diminuição das desigualdades e mais justiça social. Isso personificado na reeleição de Lula. Afinal, o PSDB e o PFL não escondem em seu programa não só o Estado mínimo, mas também a continuidade do processo de privatização do Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste, além da diminuição da quantidade de cargos concursados. A perspectiva para o próximo ano é de preocupação, de fazer a classe média e os bancários entenderem que um retrocesso neoliberal desencadeará perdas impensáveis até mesmo se comparadas com os oito anos de Fernando Henrique. Sendo assim, a minha perspectiva é de colocar o “bloco na rua”, vestir a camisa de trabalhador e garantir a reeleição de Lula.
(Carlos Eduardo diretor do SEEB/CE, representante dos novos funcionários do BB)


Naturalmente, a gente sabe que vai enfrentar muitas dificuldades em 2006, afinal é um ano eleitoral e a pressão para que o governo não continue é grande, a gente pôde ver com a onda denuncista de 2005. O PSDB, o PFL e as elites não aceitam que esse governo siga adiante. No entanto, apesar deste governo não estar como muitos gostariam, ele está procurando acertar e nós não podemos permitir o retrocesso. Os oito anos de Fernando Henrique Cardoso e de Byron Queiroz foram desastrosos para o funcionalismo do BNB, inclusive para os aposentados que perderam vários benefícios. Nos seis primeiros meses do governo Lula, nós já estávamos sentados na mesa de negociação para abrir a caixa preta e iniciar o processo negocial que foi vitorioso, tendo em vista que o acordo realizado conseguiu solucionar o problema de 97% dos aposentados. Ganhos que só foram possíveis através do diálogo.

(Edson Braga – Presidente da AABNB)


Nós vamos ter em 2006 a continuidade das gestões excelentes do Sindicato e da Afbec. Se o BEC for privatizado, vamos ter um ano de mobilização e negociações com os novos gestores, visando a proteção social dos funcionários. Se não for privatizado, teremos negociações para incorporar o BEC o BNB. No campo político, vamos decidir se o Brasil consolida o novo modelo desenvolvimentista e autônomo, com inclusão social iniciada por Lula, ou vamos retroceder para dependência política e econômica às matrizes capitalistas, com aprofundamento do fosso social entre ricos e pobres, comandada pelas elites representadas pelo PFL e PSDB.

(Erotildes Teixeira – Presidente da AFBEC e diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará)


É um desafio coletivo de todos os bancários e trabalhadores buscar a repactuação das esquerdas, trazendo, principalmente, a classe média brasileira para fortalecer o governo e lutar pela mudança dos rumos da política econômica em curso, nefasta ao povo brasileiro.

Para a categoria bancária desejamos a coragem mostrada nas duas últimas campanhas salariais.

Este ano quero paz no coração. Se quiser ter…

(Clécio Morse – Secretário de Ação Sindical do Sindicato dos Bancários do Ceará)


Passamos o ano em busca de conquistas, conhecimento e novas amizades. Sabemos que as coisas não são fáceis. É preciso força para a luta e sabedoria para analisar. Que este final de ano seja um momento para reflexão, desculpas, perdão e que durante os 365 dias do ano de 2006, procuremos não só encontrarmos os erros, mas arranjos de sustentação para novos desafios.

(Francisca Zacarias – Presidente da Associação dos Funcionários do SEEB/CE)



Um ano de luta e resistência. É isso que a CUT espera para 2006. Em 2005, assistimos pelos meios de comunicação a um plano estrategicamente elaborado pelas forças mais conservadoras deste país que pôs os movimentos sociais em posição de defesa. Diante da possibilidade de “tolerar” um operário na Presidência da República por mais quatro anos, vimos a imagem do PT ser manchada e um mar de corrupção e de falso moralismo tomar conta do país. Aqueles que hoje posam de senhores da razão foram os mesmos que por anos massacraram a classe trabalhadora, com a retirada de direitos e a venda do patrimônio do povo, entre outras maldades. Resquícios destes políticos ainda estão no Ceará, como a campanha deliberada do governo estadual para vender o BEC a qualquer custo a fim de esconder o mar de lama deixado pelos governos do Cambeba. Não vamos deixar o medo vencer a esperança. Não podemos dar um passo para trás. É preciso avançar e isso se consegue com união e muita luta. Portanto, companheiros, não percam jamais a esperança que somente a classe trabalhadora unida e organizada pode provocar verdadeiramente uma mudança neste país. Que venha 2006!

(Francisco de Assis Diniz – Presidente da CUT/CE)


Um ano eleitoral sempre traz desafios muito complexos para os que militam no movimento sindical. Como cidadãos não podemos deixar de fazer a opção por um dos projetos políticos que estarão em julgamento. Como sindicalistas, precisamos estar atentos às justas reivindicações da categoria que representamos. Por isso, independentemente das candidaturas que como cidadão viermos a abraçar, como dirigente do sindicato, temos que lutar bravamente pela continuidade da política de reposição real de salários; reconquista de benefícios arbitrariamente suprimidos; igualdade de tratamento para todos os trabalhadores; fortalecimento do Estado através de concursos públicos e maior atenção à geração de emprego com melhores salários, o que somente ocorrerá com a mudança na política econômica para que deixe de lado os juros altos que só privilegiam os banqueiros e passe a adotar medidas que beneficiem a produção e a sociedade como um todo.

(Tomaz de Aquino – Coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB)


2005 foi um ano histórico para os bancários, pois conseguimos dar um passo importante rumo à unificação da categoria. Para 2006, o objetivo é garantir que a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste assinem, também, a Convenção Coletiva. O BB abriu a porteira, agora esperamos que os outros bancos sigam a mesma trilha. Porque não podemos perder de vista o Contrato Nacional para podermos assegurar direitos para todos que trabalham no sistema financeiro, inclusive financiários e terceirizados.

(Vagner Freitas – Presidente da CNB)


Em 2006 nós queremos avançar rumo à política, mas em cima de um programa de política avançada, em que a economia não seja uma continuidade, com algumas variações e que nós passamos fazer com que o Brasil saia da política neoliberal, tão prejudicial ao país e ao povo. Queria chamar a atenção dos bancários, que a privatização do BEC deve ser um bom momento para as tendências do Sindicato fazerem uma reflexão da importância que tem o sindicalismo, não só brasileiro, mas mundial. O maxismo continua sendo a ciência do trabalhador no mundo.

(Chico Lopes – Deputado Estadual do PC do B/CE)