Pesquisa nacional mostra que 27 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos no primeiro semestre de 2012, uma média de quatro vítimas fatais por mês, o que representa um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 23 mortes. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa e com apoio técnico do Dieese.
São Paulo (6), Rio de Janeiro (4) e Bahia (4) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência foi o crime de “saidinha de banco”, que provocou 14 mortes. Já a maioria das vítimas foram clientes (15), seguido de vigilantes (5), transeuntes (3), policiais (3) e bancário (1).
No Ceará foram registradas duas mortes em assaltos. No dia 27/2, numa troca de tiros contra uma quadrilha que havia invadido o BB de Catarina, no sertão de Inhamuns, o policial Alves Neto foi morto. Já no dia 1º/3, ao reagir a uma saidinha bancária, o engenheiro Kelbson Diógenes foi morto após ter sacado R$ 21 mil no Itaú da Av. 13 de Maio. Além desses, um assaltante foi morto numa troca de tiros com a polícia após invadir o Bradesco Aldeota, no dia 20/3.
Para a Contraf-CUT e a CNTV, essas mortes refletem, sobretudo, a carência de investimentos dos bancos para prevenir assaltos e sequestros. Segundo dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no País apresentaram lucros de R$ 50,7 bilhões em 2011. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 2,6 bilhões, o que significa 5,2%, em média, na comparação com os lucros. “Entra ano, sai ano, e muitas pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do País. Isso comprova o enorme descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como revela a fragilidade da segurança pública diante da falta de mais policiais e viaturas nas ruas e de ações de inteligência para evitar ações criminosas”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
“Esses números são assustadores e reforçam a necessidade de atualizar a lei federal nº 7.102/83, que se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Precisamos de um estatuto de segurança privada com medidas eficazes e equipamentos adequados de prevenção para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes”, salienta o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.
Tipos de ocorrências – O levantamento aponta que o crime de “saidinha de banco” permanece sendo o que mais causa mortes. No primeiro semestre ocorreram 14 casos fatais. No mesmo período de 2011 foram verificados 16 assassinatos. Houve uma pequena redução de duas mortes (12,5%), mas a situação continua preocupante diante da falta de iniciativas dos bancos para combater essa violência.
A Contraf-CUT e a CNTV propõem ações preventivas que visem enfrentar a “saidinha de banco”, uma violência que apavora e mata. “Esse crime começa dentro dos bancos e, para combatê-lo, é preciso evitar a visualização dos saques de clientes nos bancos por olheiros, através de medidas como a instalação de biombos entre a fila de espera e os caixas, e de divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos”, defende Cordeiro.
Outra medida é a isenção de tarifas de transferência de recursos (DOC, TED, ordens de pagamento), como forma de reduzir a circulação de dinheiro na praça. “Muitos clientes sacam valores expressivos para não pagar tarifas e acabam virando alvos de assaltantes”, ressalta o presidente da Contraf-CUT.
Boaventura destaca que para combater tanto a “saidinha de banco” como para enfrentar os assaltos nas agências “é fundamental a obrigatoriedade de instalação de portas de segurança com detectores de metais antes do autoatendimento, câmeras internas e externas de monitoramento em tempo real nos espaços de circulação de clientes, e vidros blindados nas fachadas”. O presidente da CNTV defende também mais segurança no abastecimento de caixas eletrônicos. “Queremos o fim da contagem e do manuseio de numerário para evitar novas mortes e garantir segurança para trabalhadores e clientes”, enfatiza.
Perfil das vítimas – A pesquisa revela que os clientes foram outra vez as principais vítimas fatais em assaltos envolvendo bancos. Com 15 mortes, eles representaram 55,56% das ocorrências. Na comparação com 2011, houve um assassinato a menos. Quase todos os clientes morreram em “saidinhas de banco”.