Pesquisa mostra que bancos cortaram 3.283 empregos de janeiro a maio

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Os bancos fecharam 3.283 empregos de janeiro a maio de 2014. Enquanto os bancos privados e o Banco do Brasil cortaram postos de trabalho, a Caixa Econômica Federal abriu 1.433 novas vagas no mesmo período, o que evitou um resultado ainda pior para o setor, que é o mais lucrativo do País. O corte de empregos nos bancos contraria o movimento da economia brasileira, que gerou 543.231 novos empregos formais nos primeiros cinco meses do ano.


Os dados constam na Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada na quarta-feira (25/6) pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).


Conforme o estudo, além da redução de vagas, a rotatividade seguiu alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 14.031 funcionários e desligaram 17.314. Um total de 17 estados apresentaram saldos negativos de emprego no período. Os maiores cortes ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 1.560, 422, 398 e 323 cortes, respectivamente. O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 121 novas vagas.


Os cortes de emprego contrastam com o lucro dos bancos. No ano passado, os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) lucraram R$ 56,7 bilhões.


Rotatividade – A pesquisa mostra também que o salário médio dos admitidos pelos bancos nos primeiros cinco meses do ano foi de R$ 3.268,95 contra o salário médio de R$ 5.188,23 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio equivalente a 63% da remuneração dos que saíram.


Desigualdade – A pesquisa revela também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria, permanecem sendo discriminadas. Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.749,06 de janeiro a maio deste ano, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.792,04, valor que representa 74,5% da remuneração de contratação dos homens.


Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 5.956,71 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.371,98. Isso significa que o salário médio das mulheres no desligamento equivale a 73,4% da remuneração dos homens.


Concentração de renda – No Itaú, cada membro do Conselho de Administração recebeu, em média, R$ 15, 5 milhões em 2013, o que representa 318,5 vezes o que ganhou o bancário do piso salarial. No Santander, cada diretor embolsou, em média, R$ 7,7 milhões no mesmo período, o que significa 158,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou, em média, R$ 13 milhões no ano para cada diretor, a diferença para o salário do caixa foi de 270 vezes.


Desta forma, para ganhar a remuneração mensal de um desses executivos, o caixa do Itaú tem que trabalhar 26,5 anos, o caixa do Santander 13 anos e o do Bradesco 22,5 anos.


“Mesmo com lucros bilionários, os bancos, sobretudo os privados, continuam eliminando postos de trabalho. Os números da nova pesquisa fortalecem cada vez mais a luta dos bancários contra as demissões e pelo fim da rotatividade, por mais contratações e contra o PL 4330 da terceirização, como forma de proteger o emprego”
Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará e da Fetrafi/NE