PLR É RESULTADO DA LUTA DA CATEGORIA BANCÁRIA

99


Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará


Em meados dos anos 1990, os bancários ampliaram as discussões com o objetivo de encontrar uma forma de remunerar os resultados de seu trabalho. Foi assim que surgiu, em 1995, a participação dos trabalhadores nos lucros e/ou resultados dos bancos, a PLR. Regulamentada entre 1995 e 2000 por meio de Medidas Provisórias e tornada lei apenas em 2000 (Lei 10.101). No entanto, a conquista chegou antes para a categoria, em 1995.


Nós conquistamos a nossa Convenção Coletiva de Trabalho, com validade para todo o território nacional, em 1992. Três anos depois, conquistamos a PLR. Tudo isso somente foi possível graças à força dos sindicatos, que ficaram ainda mais fortes quando tomaram a decisão de se juntar no Comando Nacional dos Bancários, fortalecendo a luta dos trabalhadores.


Em 2006, a categoria conquistou uma parcela adicional, ancorada na variação anual do lucro líquido. Até 2008, ela correspondia a distribuição linear de 8% desta variação, com previsão de tetos individuais. Mas, a partir de 2009, seu cálculo deixou de ser feito a partir da variação do lucro. Os trabalhadores passaram a receber um valor correspondente a 2% do lucro líquido do banco, distribuído linearmente, também com previsão de tetos individuais. Em 2013, a parcela adicional passou a corresponder a 2,2% do lucro líquido do banco distribuído linearmente.


Os parâmetros estabelecidos na nossa Convenção Coletiva para o pagamento da PLR eram válidos apenas para os bancos privados. Somente a partir de 2003, as negociações passaram a ser realizadas em mesa única de negociações. Com este avanço importante, os bancos públicos passaram a assinar as CCTs de PLR firmadas entre as entidades de representação dos trabalhadores e a Fenaban.


A conquista da distribuição linear de um percentual do lucro líquido é um fato marcante, visto que se tratava de reivindicação importante de toda a categoria bancária, já que favorece as faixas salariais mais baixas. Os funcionários do BB foram os primeiros a garantir essa forma de distribuição que, posteriormente, foi incorporada aos acordos com os bancos privados por meio da criação da “parcela adicional”.


Em 2018, em âmbito nacional, a PLR conquistada pela categoria bancária injetou por volta de R$ 7,036 bilhões na economia, sendo que na antecipação do pagamento o impacto na economia foi de R$ 3,190 bilhões.  Em 2019 esses valores serão ainda maiores diante dos reajustes conquistados e do crescimento do lucro dos bancos já verificado no primeiro semestre desse ano.


Todo esse breve histórico de luta é para deixar claro para toda a categoria que nada veio de graça, nada disso foi dado pelos banqueiros. A conquista da PLR, as melhorias nas fórmulas de distribuição e pagamentos, os avanços como um todo, tudo isso foi fruto de muita luta dos trabalhadores bancários, que contam com sindicatos fortalecidos, com uma unidade nacional fortalecida e eficiente, que nos respalda em mesa de negociação a buscarmos novos direitos e conquistas.


Essa é importância do movimento sindical. É ele quem defende o trabalhador, quem luta por conquistas, por condições de trabalho, e de vida, mais dignas. Por isso, é fundamental, sobretudo num cenário de ataques tão graves à classe trabalhadora, estarmos unidos com os sindicatos.