Por que digo “sim” às reformas da Cassi

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Defendo o SIM para a Reforma Estatutária da Cassi. Será que faço isso por que acho que tudo está maravilhoso? Por que sou cego ou conivente? Será que é por que confio no BB? Sinceramente, caros colegas, como vamos desfiar nossas histórias e nossas conquistas por caminhos tão simplificadores e redutores da História? Isso, sim, seria capitular perante o patrão, e transformar a tudo o que vivemos e construímos em ilusão.


Primeiro, quero uma Cassi cada vez mais forte e autônoma. Quero a Cassi sendo nossa e cada vez mais participativa. Depois, não confio em nenhum patrão e não acho que devemos arrefecer nossos conflitos empregado x empresa, trabalho x capital. Mas uma situação não pode me fazer ter ilusões e equívocos sobre a outra.


É ilusão achar que, batendo na Cassi, acertaremos no BB. É um equívoco pensar que, sem aporte de recursos agora, nada de ruim acontecerá com a Cassi. Se não acreditam em mim, falem com quem trabalha lá dentro, nas unidades espalhadas pelo País. Falem com seu médico, falem com os atendentes. Não perguntem sobre o Estatuto. Perguntem sobre as dificuldades. Perguntem sobre os orçamentos. Não falem com eleitos ou indicados, se te fizeram acreditar que essas pessoas não devem ser ouvidas. Fale com o “chão de fábrica”; com o pessoal das unidades.


A Cassi precisa de nosso apoio. Ela não é só mais um campo de batalha.


A Cassi ainda é o plano de saúde mais bem concebido deste País. Todos querem estudar e imitar a Cassi. Do lado de fora de nosso “universo BB”. Do lado de dentro, tem gente querendo usá-la para compensar lutas frustradas com o patrão. E tem executivo do patrão querendo que ela morra pra dar seu espaço para seguradoras. É, de novo ilusão e equívoco, querermos esquecer nossa percepção e criticidade e nos inventarmos ingênuos para não enxergar isto.


Deixar a Cassi quebrar só serve para dar espaço aos executivos fanzocas de seguradoras e à catarse daqueles que não suportam mais o acúmulo de derrotas que temos sofrido!


Também não quero mais derrotas. Mas não misturo as coisas. Misturá-las pode, sim, trazer mais derrotas.


Imaginemos: acabo com essa votação hoje, quebro a Cassi, frustro as lideranças em que não mais acredito e vou dormir com uma sensação fugaz de vitória.


Mas, no dia seguinte, quando a Cassi entrar em impasse, o que eu farei?


Li num folheto que o BB estaria rindo à toa dessa votação. Pois vejo é parte de seus executivos rindo à toa se fizermos o que eles esperam, rejeitando esse estatuto, e sepultarmos o futuro da Cassi.


A história não começa nem acaba hoje, se tivermos compreensão de nosso papel coletivo.


Para quem acha que o texto do estatuto está ruim, peço para olharem para nossa história: quantos estatutos nós já tivemos e quantas mudanças já aconteceram de um para outro, às vezes avançando aqui, às vezes retrocedendo ali?

Milton Rezende

Vice-presidente da Contraf-CUT