Presidente da Contraf convoca trabalhadores à luta para defender os bancos públicos

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O jornal Tribuna Bancária entrevistou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Roberto Von der Osten. Durante nosso bate-papo, Betão (como é conhecido no meio sindical), falou sobre a importância dos bancos públicos para a sociedade brasileira, defesa do emprego, eleições e sobre os prejuízos da classe trabalhadora com a nova lei trabalhista que entra em vigor no próximo dia 11. Confira:


Qual a importância de se defender os bancos públicos?

Existe hoje um ataque geral das classes ricas dominantes contra o patrimônio de todo o resto da sociedade. O banco público é parte dessa entrega do patrimônio, parte de uma entrega de retirada de direito. Quem é mais atingido quando se encarece a habitação, o desenvolvimento, o alimento? A camada mais pobre da população. Os bancos privados atuam nas regiões mais ricas, onde tem dinheiro e os bancos públicos estão aonde ninguém quer ir. Banco privado só quer atuar onde dá lucro. O banco público nasceu com a missão de fomentar, desenvolver, atuar nas áreas mais pobres, como uma ferramenta para se distribuir igualdade de oportunidades, distribuir desenvolvimento, de corrigir as falhas do capitalismo. Por isso, nós temos de defender os bancos públicos por que eles são, principalmente, do povo brasileiro.


Até mesmo para grandes obras de infraestrutura, os bancos públicos são fundamentais…

Isso é muito importante destacar. Principalmente, o BNDES que empresta para a compra de máquinas e equipamentos. Que banco privado vai emprestar dinheiro para se construir uma hidrelétrica? Um investimento altíssimo, um retorno num prazo muito longo, e que pode simplesmente não dar certo… As grandes obras do Brasil só foram possíveis com a existência de bancos públicos que financiaram o desenvolvimento. Só banco público empresta dinheiro para saneamento básico, para projetos de encanamento, de novas linhas de metrô, estradas de ferro, estradas de rodagem, aeroportos, portos, tudo isso é feito em sua grande maioria com dinheiro público. Por isso, nós temos de defender os bancos públicos.


Quem mais sofre com esse desmonte?

Sempre quem “paga o pato” é o povo, principalmente a parte da população mais desassistida, que vai abandonar o sonho da casa própria, o sonho de ver um filho formado.  Tem o abandono do sonho da aposentadoria, porque querem sucatear a nossa Previdência; esse desmonte da estrutura de banco público, vai desmantelar as condições de vida daquelas pessoas que não tem condições de buscar crédito em banco privado. E toda a sociedade vai sofrer porque a comida vai ficar mais cara, vai aumentar o déficit da habitação, o déficit do desenvolvimento, queda da estrutura de transporte urbano. Por isso, as pessoas têm de abrir o olho, e ver que a defesa do banco público não é só a defesa dos empregados, é também porque metade do sistema financeiro é composto por funcionários de bancos públicos (cerca de 200 mil empregos), nós queremos defender o emprego dessas famílias, mas queremos também defender as condições de vida de milhões de brasileiros que vão ser atingidos se você desmantelar o banco público.


E com relação à reforma trabalhista?

O golpe dado contra a Dilma não foi só contra ela. Foi dado contra a população, contra os direitos do trabalhador, foi um golpe articulado de uma maneira muito inteligente onde existe uma necessidade de se flexibilizar as relações de trabalho, para oferecer mais possibilidades para que os donos dos meios de produção maximizem os seus lucros. O golpe foi articulado para retirar direito dos trabalhadores, entregar e internacionalizar o nosso patrimônio público, reduzir custo com mão de obra, e daí vem a pressão pela privatização das empresas públicas. O povo precisa lutar e dizer que quer o banco público, quer as empresas públicas.


Mas existe uma forma de evitar os prejuízos dessa reforma?

Eles estão nos atacando onde é mais caro para a população que é na lei. Eles modificaram as leis de relação de trabalho. E se modificaram as leis, está legalizada a exploração. Esse é o cenário hoje. Eles estão conseguindo seguranças jurídicas para que o que faziam antes com práticas ilegais, seja feito agora dentro da lei.  Eles mutilaram as relações de trabalho, para maximizar lucros e para trazer mais insegurança para a vida do trabalhador. A maneira de lutar contra isso é fazer enfrentamento de rua, porque ano que vem é ano de eleição e o povo tem de olhar em quem votou, olhar bem que é candidato à reeleição, qual o projeto que eles têm de mandato, e como foi que os que já estão deputados hoje votaram nessas reformas, nessas medidas que prejudicam o povo e o país.