Prevenir é a melhor solução

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A experiência mostra que os progressos da medicina, aliados à força do diagnóstico precoce, conseguem aumentar as chances de cura dos tumores que atingem exclusivamente a mulher. A medicina continua ganhando terreno na luta contra a doença que é a segunda causa de mortes no planeta. Atualmente, quatro em cada dez pacientes de câncer ficam completamente curados. Dez anos antes, apenas duas pessoas venciam essa batalha. A arma mais importante para ganhar a batalha contra o câncer é a detecção precoce.

“O problema é que muita gente deixa os sintomas para lá e só toma alguma providência quando o câncer já avançou bastante”, critica o oncologista Agnaldo Anelli, chefe do setor de Oncologia Clínica do Hospital do Câncer de São Paulo. Entre as mulheres, os tumores de maior incidência são os de mama, pulmão, colo do útero, intestino e estômago, sem contar os casos de câncer de pele. Em geral, o número de novos casos não varia muito em cada País, mostrando que essa doença não faz discriminação social.

A grande exceção é o tumor de colo do útero, que diminui nos países mais desenvolvidos, mas permanece sendo o tipo que mais mata nas regiões pobres do Brasil.

Nas grandes cidades, o câncer de mama está entre as principais causas de mortalidade feminina. Mas esperar que as mulheres se previnam é um desafio. “A mamografia e outros exames ginecológicos para detecção precoce ainda não se tornaram uma rotina para a maioria das mulheres brasileiras”, lamenta o oncologista Artur Katz, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Testes – Não existe comprovação de que os fatores emocionais estimulem os tumores. Quando atinge os órgãos como as mamas, útero ou ovários, o câncer mexe nas profundezas da alma feminina. A cirurgia da mama, realizada sempre que possível com técnicas que preservam ao máximo sua forma, pode abalar a auto-imagem e a noção de feminilidade. A histerectomia (retirada do útero) elimina a possibilidade de experimentar a gestação e pode provocar alterações da vida sexual (como o encurtamento de vagina e falta de orgasmo). A remoção das partes atingidas pelo câncer do colo do útero (a conização) pode interferir na lubrificação e até modificar a viscosidade do muco vaginal.

Câncer de pulmão – Os tumores de pulmão também estão se tornando mais comuns entre as mulheres. “Há três décadas, o câncer de pulmão afetava uma mulher para cada cinco ou seis homens. Hoje afeta uma mulher para cada três homens”, diz o pneumologista Carlos Carvalho, supervisor dos serviços de Pneumologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Cerca de 90% dos tumores de pulmão são provocados pelo tabagismo. A estatística inclui quem fuma cigarrilhas, cachimbo, charutos e aqueles cigarrinhos indianos perfumados com cravo, que também são um reservatório de nicotina e outras substâncias tóxicas ao pulmão. O sintoma mais comum é a tosse, mas geralmente as pessoas só procuram o médico quando surgem as dores no tórax ou escarros com sangue.

Curável nas fases iniciais em 70% dos pacientes, o câncer de pulmão costuma ser um achado acidental durante exames de raios X do tórax. “Se eu fosse fumante e tivesse cerca de 45 anos de idade, faria uma radiografia anual de tórax”, aconselha o pneumologista Carlos Carvalho. Outro problema mundial, o câncer de pele afeta preferencialmente homens e mulheres de pele clara e pessoas que exageram na exposição ao sol.

Suporte – O arsenal de recursos contra o câncer tem drogas sofisticadas que melhoram as chances de vitória, como os medicamentos de suporte para amenizar efeitos colaterais (náuseas, vômitos) da quimioterapia. Especificamente contra o câncer de mama, o raloxifeno (aprovado pela Food And Drug Administration, nos Estados Unidos, para tratamento de osteoporose), comercializado no Brasil com o nome de Evista, está sendo experimentado para prevenir tumores em mulheres de alto risco – as que têm mãe ou irmãs com esse tumor, porque reduz as chances de manifestar o câncer.