Primeiro discurso de LULA como presidente reeleito do Brasil

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“Eu sou grato nesse momento às pessoas que confiaram, às pessoas que acreditaram. Sou grato ao povo deste País. Ao povo brasileiro que em vários momentos foi instado a ter dúvida contra o governo. E o povo sabia fazer a diferença do que era verdade, o que não era verdade, o que estava acontecendo, o que não estava acontecendo no Brasil. E, sobretudo, o povo sentiu que ali tinha melhorado. E contra isso não há adversário, porque o povo sentiu na mesa, sentiu no prato e sentiu no bolso a melhora de sua vida. O mais importante ainda é que o povo sentiu isso no seu cotidiano. Ele sentiu isso na vida dos seus amigos, na vida das suas famílias.

Eu tenho consciência de que nós demos apenas o primeiro passo. Eu durante a campanha citava muito exemplos de que nós tínhamos construído um alicerce. A bases estão usadas para que o Brasil dê um salto de qualidade extraordinário nesse próximo mandato. Não tenho dúvida que o Brasil vai crescer mais. Não tenho dúvida que vai aumentar a distribuição de renda neste País. Não tenho dúvida que vai aumentar a consolidação da política externa brasileira. Não tenho dúvida que vai aumentar o combate a corrupção deste País. Não tenho dúvida que vai continuar o fortalecimento das instituições no País. E não tenho dúvida, sobretudo, que o Brasil irá atingir um padrão de desenvolvimento que será colocado entre os países desenvolvidos no mundo. Nós cansamos de ser uma potência emergente, nós queremos crescer. As bases para um crescimento sustentado da economia estão dadas e agora a gente tem que trabalhar. Todo mundo. Todo povo brasileiro votou exatamente porque tem esperança de que as coisas podem andar ainda mais rápido e muito melhor do que andaram no primeiro mandato.

De forma que eu estou feliz. Estou feliz pela participação da sociedade nesse processo eleitoral. Estou feliz porque a sociedade conseguiu compreender o momento histórico que nós estamos vivendo no País. Estou feliz pela eleição dos governadores em todos os estados. Continuaremos a governar o Brasil para todos, mas continuaremos a dar mais atenção aos mais necessitados. Os pobres terão preferência no nosso governo.

As regiões mais empobrecidas terão no nosso governo uma atenção ainda maior. Porque nós queremos tornar o Brasil mais equânime. É trabalhar, trabalhar e trabalhar porque é isso que o povo brasileiro espera e é por isso que o povo brasileiro votou.

É por isso que hoje, na rua, todo mundo fala: deixa o homem trabalhar, porque o Brasil precisa de trabalho. E eu estou muito confiante. Como jamais estive na minha vida. Estou confiante no Brasil, estou confiante na compreensão dos partidos que perderam as eleições no estado e para o governo federal, a eleição acabou.

Agora não tem mais adversário. O adversário agora são as injustiças sociais que nós temos no Brasil e que precisamos combater. O adversário agora é a gente, todo mundo, se juntar para fazer o Brasil crescer. Fortalecer o Brasil não apenas internamente, mas fortalecer o Brasil no mundo.

A solução para os problemas brasileiros não é mais fazer o povo sofrer com ajustes pesados, que terminam caindo em cima do povo, mas que a solução está no crescimento da economia, no crescimento da distribuição de renda e nós provamos isso no primeiro mandato, quando nós dizíamos há muito tempo atrás que era preciso primeiro o Brasil crescer para distribuir e nós dizíamos: é preciso distribuir para o Brasil crescer, nós provamos que com o pouco de distribuição de renda que nós fizemos seja a política de transferência de renda através do Bolsa-Família, através do crédito consignado, através do salário mínimo.

Estão aqui meus companheiros sindicalistas. Eu quero dizer para vocês: reivindiquem tudo que vocês precisarem reivindicar. Nós daremos apenas aquilo que a responsabilidade permite que a gente dê. Reivindiquem. Porque o mais importante – esses meus amigos sabem disso, do movimento social, do movimento sindical, dos empresários – eles sabem perfeitamente bem que a coisa mais sagrada ao terminar o mandato de um presidente da República como legado é a relação que ele conseguiu estabelecer com a sociedade, consolidando a democracia, consolidando o papel do Estado e consolidando, sobretudo, o papel da participação da sociedade.

Isso nós fizemos com muita competência e vamos continuar fazendo porque afinal de contas o Brasil não é meu. Eu é que sou brasileiro e, portanto, o Brasil é de todos. Por isso eu estou com essa frase aqui na minha camiseta para vocês lerem. A vitória não é do Lula, não é do PT, não é do PC do B, não é de nenhum partido político. A vitória é eminentemente da sabedoria do povo brasileiro”.