Proposta insuficiente leva bancários para a greve por tempo indeterminado

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Mais uma vez, os banqueiros frustraram as expectativas da categoria e não apresentaram nenhuma nova proposta na rodada de negociação realizada com o Comando Nacional dos Bancários na terça-feira, 4/9, em São Paulo. Diante do impasse, o Sindicato dos Bancários do Ceará convoca toda a categoria para uma assembleia na próxima quarta-feira, 12/9, a partir das 18h30, para deliberar sobre a paralisação das atividades por tempo indeterminado a partir do dia 18/9. O encontro acontece na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará (Rua 24 de Maio, 1289 – Centro).


A rodada de negociações com a Fenaban durou menos de meia hora. Contrariando as expectativas de que colocariam novos avanços na mesa de negociação, os bancos mantiveram a proposta de 6% de reajuste (aproximadamente 0,58% de aumento real) feita no dia 28/8.


Além de não trazer nova proposta, os bancos descumpriram o compromisso anunciado nas negociações anteriores de montar um projeto-piloto em Recife para testar equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros.


“Com essa postura intransigente, os bancos empurram os bancários para a greve. Eles não mudaram de posição nem depois da divulgação da pesquisa do Dieese na semana passada revelando que 97% das categorias profissionais fecharam acordos com reajustes acima da inflação no primeiro semestre. Portanto, o sistema financeiro, o mais dinâmico e rentável da economia, tem condições de atender à reivindicação de aumento real de 5% dos bancários”, cobra Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “Se setores econômicos sem a mesma pujança estão concedendo aumentos reais, os bancos podem muito mais. Somente os seis maiores bancos lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre e ainda provisionaram R$ 39,15 bilhões para devedores duvidosos, um grande exagero para uma inadimplência que cresceu apenas 0,7 ponto percentual no período”, completa.


“Nós, trabalhadores, estamos apostando no processo negocial, mas parece que os banqueiros só entendem a linguagem da pressão, da mobilização e da greve. Essa é a nossa hora de mostrar que estamos mobilizados, unidos e fortes. Não podemos admitir que um setor tão lucrativo como o setor financeiro queira oferecer aos trabalhadores apenas 0,58% de ganho real. Vamos todos à assembleia do dia 12 dizer com firmeza: chega de truques, banqueiro!”, convoca o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.


Remuneração milionária – Para o presidente da Contraf-CUT, a postura dos bancos para com os trabalhadores contrasta com a benevolência em relação a seus altos executivos. Dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%. A remuneração total dos diretores dos quatro bancos, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ 839 milhões em 2011. “Vejam que situação perversa temos no Brasil. Aqui estão os maiores lucros dos bancos, inclusive dos estrangeiros, e também as maiores remunerações dos executivos. Por que os salários dos bancários brasileiros estão entre os menores?”, questiona Carlos Cordeiro.