Queremos negociar com transparência e seriedade

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A classe trabalhadora quer debater o futuro do Brasil com o governo e os empresários. Chega de medidas paliativas! Está mais do que na hora de traçar estratégias de longo prazo para todos os setores da economia, independentemente da crise econômica do momento. Crises, sabemos todos, são cíclicas e a próxima será sempre a mais grave de todas as que já foram registradas.


Os trabalhadores, eternos reféns dos efeitos das crises financeiras internacionais, como a última, que começou com a quebradeira de bancos nos EUA e na Europa em 2008, exigem que suas propostas sejam levadas em consideração pelo governo federal. Queremos mais que a manutenção dos empregos. Queremos continuar o processo de distribuição de renda via massa salarial e a valorização do trabalhador, iniciados no governo do ex-presidente Lula.


É preciso proteger a indústria nacional, justifica o governo quando divulga medidas para estimular a economia, aumentar a competitividade e a produtividade das empresas. Com este argumento, aos poucos e sem alarde, o governo já atendeu várias das 101 medidas que a CNI propôs alegando que é preciso modernizar as relações trabalhistas. Entre as medidas que o governo já concedeu estão benefícios fiscais, redução de custos para contratar e financiamento mais barato.


Os empresários parecem ignorar que o Brasil só passou pela crise porque houve fortalecimento do mercado interno, especialmente via valorização do salário mínimo, conquistado depois de muita pressão e mobilização capitaneadas pela CUT, durante o governo do ex-presidente Lula. Concordamos que é preciso proteger nossa indústria e garantir o emprego e apoiamos os estímulos tributários e financiamentos mais baratos, entre outros, desde que o objetivo seja priorizar o Brasil e levar em consideração os interesses da classe trabalhadora.


O que não admitimos é que a classe trabalhadora não receba do governo o mesmo tratamento dado aos empresários. Digo isto porque a pauta de reivindicações da classe trabalhadora, até agora, ainda não foi levada em consideração pelo governo. Para nós, a crise econômica internacional serve de desculpa para o governo engavetar todas as propostas. Já para os empresários, serve para atender várias reivindicações.


Enquanto isso, os trabalhadores esperam, desde 1º de maio deste ano, que o governo cumpra a promessa que fez, em praça pública, de isenção de imposto de renda a PLR – Participação nos Lucros e Resultados. O fim do Fator Previdenciário é outra reivindicação dos trabalhadores que não faz parte das prioridades da equipe econômica. A Câmara dos Deputados está pronta para votar e aprovar, mas por pressão do governo federal, a pauta saiu, mais uma vez, da ordem do dia.


Os trabalhadores são protagonistas do processo de desenvolvimento do País e exigem participar da discussão sobre os rumos da economia. Queremos atuar diretamente no processo de decisão e não ser atores indiretos ou ignorados.


Vagner Freitas – Presidente da CUT Nacional