Questões para uma campanha nacional

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Estamos no início de mais uma campanha nacional e há questões que precisam ser discutidas se queremos resultados concretos para os bancários.


Primeira: o que é ser contemporâneo na defesa dos interesses dos trabalhadores bancários? A resposta é clara: é lutar por melhor remuneração; melhorar as condições de trabalho, de saúde, segurança, combater o assédio moral etc.


Aqui cabe uma outra indagação: até onde o movimento sindical acompanhou todas essas mudanças? Nos anos de alta inflação, conseguíamos mobilizar a categoria com índices de reposição salarial de dois ou três dígitos. Hoje, diante de uma conjuntura econômica com inflação em torno de 5% ao ano, mesmo que consigamos aumentos reais, como temos conquistado, isso se dispersa. Não há mobilização por 1%, 2%, mesmo que isso represente melhoria do poder de compra. Nesse ponto ainda persiste a cultura inflacionária.


Mas não é só isso. No caso da remuneração, o que os bancos fizeram foi praticamente individualizar os rendimentos. Não conseguimos explicar que com essas metas, a competição que existe entre empregados, o excesso de trabalho, tudo isso só favorece a acumulação de mais capital pelo dono do banco.

Negociação e mobilização – Temos de discutir se não é hora de fazermos contratos mais longos para cláusulas que não costumam mudar de um ano para o outro. E nos concentrarmos em negociações permanentes no ano em temas como saúde, assédio moral, igualdade de oportunidades… Outro ponto importante: não existe campanha sem mobilização. Temos de retomar com mais vigor nosso trabalho de base.

Construção do Ramo – Não podemos continuar representando apenas 400 mil trabalhadores, quando temos cerca de 1 milhão prestando serviços aos bancos ou suas empresas coligadas, diretamente relacionadas à intermediação financeira.

Envolvimento da sociedade – Sem o envolvimento da população é quase impossível que nossas reivindicações encontrem eco. Enquanto pagam juros e tarifas extorsivos, os clientes são surpreendidos ano após ano por anúncios de lucros espetaculares dos bancos.

BB e Caixa – Se é verdade que conquistamos nesses anos de governo Lula muitas de nossas reivindicações, não conseguimos tornar hegemônico o discurso de que banco público tem de servir aos interesses do País, de financiar o crescimento e o desenvolvimento, não apenas gerar cada vez mais lucros, como os bancos privados. As administrações desses bancos, dominadas por burocracias, muitas vezes, repetem práticas de governos anteriores, mesmo num governo democrático e popular como o do presidente Lula.

A defesa da unidade – Há quem argumente que em campanhas separadas haveria vantagem para um lado ou outro. Com a unificação nos últimos anos, estamos conseguindo aumentos reais e recuperar alguns direitos.


E essa greve, qual o real prejuízo que causará ao sistema, num momento em que há cada vez mais atendimento eletrônico e em correspondentes bancários. Todas as contribuições serão bem-vindas para que construamos uma Campanha Nacional forte e que nos ajude a representar da melhor maneira possível todos os trabalhadores do sistema financeiro.

Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT